Hospital Nardini amplia conceito de humanização na Maternidade

Publicado em: 19/01/2018

Em 2017, taxa de episiotomia no equipamento de saúde de Mauá baixou 24% na comparação com 2016, seguindo tendência de evitar riscos à mulher

 

Utilização da bola suíça reduz desconforto no pré-parto, alivia dores e melhora a mobilidade pélvica (Crédito: HCDRN/Luciana Silva)

Referência em partos de alto risco na microrregião de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini, de Mauá, dá um salto de qualidade no atendimento e vem se tornando modelo também em humanização. Dos 1.944 partos realizados na Maternidade do equipamento municipal em 2017, 60% foram normais e 40% cesáreas.

Dentre os procedimentos, o destaque fica por conta da redução da taxa de episiotomia (corte feito na região lateral da vagina para facilitar a saída do bebê nos partos normais) de 58%, em 2016, para 34%, no ano passado. O resultado segue tendência mundial de diminuir a aplicação da técnica.

No Brasil, 54% das mulheres são submetidas ao corte nos partos, segundo pesquisa da Fiocruz. No caso de primíparas (primeiro filho), o índice chega a 74%. Embora facilite a saída do bebê, a episiotomia pode deixar sequelas na mulher, como laceração, frouxidão na região perineal e dificuldade nas relações sexuais.

Ao longo de 2017, o hospital intensificou as ações para melhorar a condução do parto normal e evitar complicações à saúde materna e fetal. No caso da episiotomia, a meta é chegar brevemente a um patamar abaixo dos 30% – conforme apontam pesquisas internacionais (entre 15% e 30%) e preconiza a OMS (Organização Mundial da Saúde) –, mantendo o procedimento apenas para casos específicos, quando há indicação.

O sucesso na redução de episiotomias no Nardini também é atribuído à inserção de enfermeiros-obstetras e obstetrizes para a condução dos partos normais de baixo risco. A participação deles, que mantêm sintonia com a equipe médica, mais que dobrou de 2016 para 2017: de 25 para 55 procedimentos mensais, em média.

 

HUMANIZAÇÃO

O fato de 60% dos partos realizados em 2017 terem sido normais já coloca o Hospital Nardini de Mauá como referência no Grande ABC em partos humanizados. “A taxa de cesáreas chega a 40% pelo fato de recebermos gestantes de alto risco e já sermos uma referência regional na realização de procedimentos complexos”, explica Juliana Antonio dos Santos, coordenadora de Enfermagem da Maternidade. Ainda assim, o índice é considerado baixo se comparado às maternidades particulares (90%) e ao SUS (52%).

Segundo Juliana, o conceito de humanização no Nardini vem sendo constantemente ampliado, desde o acolhimento diferenciado até o puerpério (período pós-parto). Atualmente, o hospital dispõe de recursos como a bola suíça e iniciativas como a visita guiada à Maternidade, dentro do projeto “Conhecendo a Cegonha”, que permite que as gestantes (a partir do terceiro mês) e seus acompanhantes conheçam o ambiente que irão percorrer no dia do parto e toda a estrutura do local (Pronto-Socorro, Pré-Parto, Centro Obstétrico, Alojamento Conjunto e UTI Neonatal).

A utilização da bola suíça antes do trabalho de parto é uma técnica bastante difundida e que reduz substancialmente o desconforto no pré-parto, promovendo às gestantes o alívio das dores e a melhoria da mobilidade pélvica (o que vai facilitar o trabalho de parto). Na maternidade do Hospital Nardini, o método alcança 100% de adesão e aprovação das pacientes. Todas as orientações de exercícios e posicionamento são supervisionadas por enfermeiros-obstetras e obstetrizes.

Outros métodos de promoção do parto humanizado já estão em estudo para serem adotados. “A humanização do parto não é um produto que nos é entregue pronto. É um processo e estamos a caminho de torná-lo cada vez mais humano”, acredita Juliana.

 

PRIMEIRO BEBÊ

Em 2017, foram 1.600 atendimentos mensais em Ginecologia e Obstetrícia no Pronto-Socorro e 220 internações/mês. Na Maternidade, foram registrados 955 nascimentos de bebês do sexo feminino e 986 do sexo masculino, totalizando 1.941 nascidos vivos.

O primeiro bebê de 2018 em Mauá foi uma menina. Luciela Cristina Ferraz Bueno nasceu, de parto normal, às 20h19 do dia 1º de janeiro, com 3,290 kg e 48 cm. A mãe fez todo o pré-natal na UBS Vila Assis e não precisou passar pela episiotomia, mantendo o períneo (área muscular entre a vagina e o ânus) íntegro. Dentro do processo humanização, ela contou com o acompanhante presente o tempo todo.