Municípios organizam mutirões de vacinação e abrem UBSs aos sábados para reforçar a imunização
A Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo deu início em 25 de janeiro à campanha inédita de imunização contra a febre amarela no território paulista. Ao longo de quase um mês de trabalho, o Governo do Estado pretende vacinar 8,3 milhões de pessoas que residem em áreas ainda não alcançados pelo vírus, mas que estão receptivas, pois integram os corredores ecológicos – caso das cidades do ABC. A finalidade é proteger a população preventivamente. Serão alcançadas as regiões da Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Baixada Santista, totalizando 54 cidades (a lista completa está disponível no site www.portaldenoticias.saude.sp.gov.br).
Almir Cicote, Márcio Chaves, Paulo Serra e Luiz Zacarias lançam em Santo André a campanha “Não vacile. Vacine-se!”
Santo André se antecipou e será a primeira cidade do ABC a realizar o “Dia D” de vacinação contra doença, programado para sábado, 27 de janeiro. O mutirão será o primeiro de três ações fora dos dias úteis. Além desta data, os dias 3 e 17 de fevereiro terão vacinação em todos os postos de saúde espalhados pela cidade, para contemplar aqueles que não conseguem ir às unidades no meio da semana.
“Faremos um aumento significativo na quantidade de vacinas disponíveis e estamos descentralizando o atendimento. Com isso, esperamos que naturalmente a concentração de pessoas nas filas diminua. Antecipamos o primeiro ‘Dia D’, justamente, para dar uma resposta a essa sensação de pânico que se gerou, mesmo que nós não estejamos em área de risco”, afirmou o prefeito Paulo Serra.
Além dos mutirões, desde 25 de janeiro há atendimento nos dias úteis, com a meta de vacinar toda a população andreense. A imunização é oferecida em todas as 27 unidades básicas de saúde da cidade, de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Para se vacinar, o munícipe precisa levar CPF, Cartão SUS, carteirinha de vacinação ou documento com foto. Não há casos da doença confirmados na cidade.
SÃO BERNARDO
Dr. Geraldo Reple, Orlando Morando e Dr. Wagner Kuroiwa no lançamento do comitê contra a febre amarela em São Bernardo
A Prefeitura de São Bernardo oferecerá doses fracionadas da vacina a partir de 25 de janeiro em todas as 34 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município. Ao todo, serão 800 mil doses repassadas pela Secretaria de Saúde do Estado. O fracionamento das doses é uma determinação do Ministério da Saúde. Ao invés de 0,5 ml, serão disponibilizados 0,1 ml em cada procedimento. A Prefeitura espera imunizar 707 mil munícipes.
“A dose fracionada não é fraca, ela tem o mesmo efeito e proteção de uma dose tradicional. A única diferença é o tempo de proteção, que será de oito anos”, esclareceu a diretora técnica da Divisão de Imunização da Secretaria de Saúde do Estado, Helena Sato. Os “Dias D” da campanha no município serão 3, 4 e 24 de fevereiro, das 8h às 17h.
Em 23 de janeiro, a Prefeitura lançou um comitê de combate e prevenção à doença. A ferramenta foi instituída para auxiliar o município no gerenciamento e controle do mosquito transmissor. “Esta é uma ação conjunta do governo com a população. Meios de comunicação direta serão disponibilizados à população para suprir informações, esclarecer dúvidas e investigar sobre queixas e possíveis focos da doença. Estamos armando uma guerra e a única vítima tem que ser o mosquito”, disse o prefeito Orlando Morando.
O comitê é composto por equipe multiprofissional de diversas pastas do governo, como Saúde, Habitação, Serviços Urbanos, Obras, Meio Ambiente, GCM, Sedesc, Finanças, Defesa Civil, Educação e Governo. Um número de telefone será disponibilizado à população, com funcionamento 24 horas, junto com um endereço de e-mail. O horário de funcionamento das UBSs durante a semana será das 7h às 17h.
SÃO CAETANO
Em São Caetano, o infectologista Jorge Senise profere palestra de orientação a enfermeiros que participam da campanha
A Secretaria de Saúde de São Caetano também iniciou em 25 de janeiro a campanha de vacinação preventiva contra a febre amarela, com as doses fracionadas distribuídas pelo Ministério da Saúde. O atendimento ocorre nas 13 unidades de saúde do município, sendo três delas com horário estendido das 8h às 20h. São elas: UBS Amélia Richard Locatelli (Alameda João Galego, 01, Bairro Santa Maria), Centro Policlínico Gentil Rstom (Avenida Tietê, 301, Bairro Nova Gerty) e UBS Nair Spina Benedicts (Rua Oswaldo Cruz, 1153, Bairro Santa Paula). Além disso, haverá vacinação em dois sábados de fevereiro, dias 3 e 17.
“O Governo do Estado forneceu os insumos para iniciarmos a campanha. As unidades de saúde de todos os municípios da região do ABC vão fazer essa vacinação. Cada município vai receber sua grade. Daí a importância de cada morador se dirigir à UBS mais próxima de sua residência”, disse a secretária de Saúde, Regina Maura Zetone. Nos pontos de vacinação em São Caetano, pessoas com 60 anos ou mais terão de preencher um questionário no qual deverão informar suas condições de saúde.
ENTENDA A FEBRE AMARELA
O vírus da febre amarela habitualmente afeta macacos, que são considerados reservatórios silvestres. Os próprios mosquitos da região com circulação do vírus picam os macacos e transmitem o vírus para outros macacos. Por essa razão, quando há registro de mortes de macacos além da quantidade habitual, deve-se acender o alerta de febre amarela para os humanos.
“Esse vírus que infecta os macacos é o mesmo que atinge os humanos. Entretanto, o mosquito é diferente. Se uma pessoa entrar em uma floresta e for picada por mosquitos silvestres transmissores, ela pode ser contaminada pela febre amarela silvestre. Contudo, se uma pessoa com febre amarela silvestre vem para a cidade e é picada pelo mosquito Aedes aegypti, existe a possibilidade desse mesmo mosquito transmitir o vírus para outras pessoas, no caso, caracterizando a urbanização da febre amarela. Esse é o cenário que as autoridades públicas estão trabalhando atualmente”, explica Juvencio José Duailibe Furtado, professor da disciplina de Infectologia da Faculdade de Medicina do ABC e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Os sintomas iniciais da doença incluem febre, calafrios, dor de cabeça, dores nas costas, dores no corpo em geral, náuseas e vômitos, fadiga e fraqueza. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência de múltiplos órgãos. Cerca de 20% a 50% das pessoas desenvolvem doença grave, podendo vir a óbito.
Além das doses fracionadas, a campanha estadual também prevê a oferta de 1,5 milhão de doses convencionais, que serão disponibilizadas para crianças com idade entre nove meses e dois anos incompletos, pessoas que viajarão para países com exigência da vacina, grávidas residentes em áreas de risco, transplantados, e portadores de doenças crônicas – como diabéticos, cardiopatas e renais crônicos, por exemplo.
Deverão consultar o médico sobre a necessidade da vacina os portadores de HIV positivo, pacientes com tratamento quimioterápico concluído, transplantados, hemofílicos ou pessoas com doenças do sangue e doença falciforme.
Quem já tomou uma dose da vacina, mesmo se fizer parte dos municípios incluídos na campanha, não precisará se vacinar novamente – a vacina aplicada até o momento (dose padrão) tem validade para a vida toda, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Praia Grande treina equipes para mutirão de vacinação
Treinamento no Irmã Dulce abordou diversos aspectos da febre amarela como sintomas, transmissão, tratamento e imunização
A Secretaria de Saúde de Praia Grande realizou dia 23 de janeiro treinamento sobre a vacinação da febre amarela para orientar equipes que atuam na Rede Básica de Saúde do município. O objetivo foi apresentar a estratégia para a campanha preventiva, que teve início em 25 de janeiro. A vacinação vai até o dia 17 de fevereiro e contará com 10 postos de atendimento na cidade.
No treinamento, que aconteceu no anfiteatro do Hospital Municipal Irmã Dulce (HMID), foram abordados diversos aspectos da febre amarela como sintomas, transmissão, tratamento e imunização. Além das equipes médicas e de enfermagem, profissionais da área administrativa também receberam treinamento para operar o sistema de informática, que deverá ser abastecido com dados de todos os imunizados.
“Temos uma situação de absoluta tranquilidade. Apesar de recebermos muitos turistas, não temos um ambiente que favoreça a disseminação da doença”, disse o secretário de Saúde, Cléber Suckow Nogueira.
