Prednisolona será testada de forma precoce em pacientes com quadros moderados; objetivo é evitar complicações do novo coronavírus
O pesquisador sênior do estudo e professor titular da disciplina de Pneumologia da FMABC, Dr. Elie Fiss, também pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz
O Centro Universitário Saúde ABC / Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André (SP), em parceria com o Hospital Alemão Oswaldo Cruz e com apoio da Mantecorp Farmasa, iniciou em 1º de outubro testes para avaliar os efeitos do medicamento prednisolona em pacientes infectados pelo novo coronavírus. O estudo, nomeado VidaSim, pretende avaliar cerca de 370 pacientes internados nas unidades Paulista e Vergueiro do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e em um dos hospitais escola da FMABC.
De acordo com o Ministério da Saúde, a Covid-19 apresenta um espectro clínico, variando de infecções assintomáticas a quadros graves, tais como a inflamação exacerbada (ou tempestade inflamatória) que alguns pacientes produzem como resposta ao vírus. Ou seja, a doença progride como uma inflamação. E, desde o dia 2 de setembro, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda o uso de corticoides para tratamento do novo coronavírus em casos graves.
O cortisol é uma substância produzida naturalmente pelo corpo humano. Trata-se de um hormônio esteroide fabricado pelas glândulas suprarrenais e, entre outras funções, atua como anti-inflamatório responsável por regular o metabolismo. Já os corticoides são medicamentos que têm como base o cortisol. Porém, possuem estrutura modificada para potencializar a função no organismo.
O professor titular da disciplina de Pneumologia da FMABC, Dr. Elie Fiss, também pneumologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz e pesquisador sênior responsável pelo estudo, explica que a prednisolona já é bastante utilizada em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), asma e várias outras enfermidades pulmonares que representam uma causa importante e crescente de morbidade e mortalidade no mundo. “O novo coronavírus é uma doença que, apesar de levar o paciente a diversas complicações, tem como alvo principal os pulmões. O estudo irá nos trazer a oportunidade de avaliar um medicamento já conhecido pela comunidade médica no tratamento de doenças pulmonares, mas agora em pacientes com Covid-19”, explica o pesquisador.
“Apoiar um estudo em que o resultado pode impactar de forma positiva a população, em um momento tão difícil, é parte da nossa missão. Os pesquisadores vão investigar se os corticoides se provam igualmente eficazes nas fases não graves da doença, reduzindo o tempo de internação e o número de pacientes internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI)”, disse Dr. João Fittipaldi, diretor médico da Mantecorp Farmasa.
A pesquisa tem como foco os pacientes com quadros clínicos moderados. Metade dos pacientes receberão uma dose diária de 40mg de Predsim® (prednisolona) via oral durante sete dias. A outra metade, apenas o tratamento já oferecido pelo hospital. A coleta de dados terá duração de três meses e a previsão é publicar os resultados até fevereiro de 2021.
