Publicado em: 24/06/2021
“A batchan (avó) tem boa genética”. Foi assim que a neta Ana Carolina Tanaka comemorou a saída da avó, Yumiko Tanaka, de 107 anos, dia 22 de junho do Hospital de Campanha de São Caetano do Sul, onde esteve internada por 16 dias após contrair Covid-19.
Yumiko passou por uma internação por conta de uma pneumonia. Se recuperou, mas o chiado no peito indicava uma crise de bronquite. Precisou tomar antibiótico e, mesmo assim, os sintomas não melhoravam. Sempre acompanhada pela filha, que é médica, e pela neta, perceberam pelo oxímetro que a saturação não estava boa. Procuraram atendimento médico no convênio e, quando foi confirmada a Covid-19, a família, que mora na cidade há mais de 40 anos, optou em procurar o Hospital Municipal de Emergências Albert Sabin. “Desde o momento em que pisamos no Albert Sabin até a alta hospitalar fomos muito bem atendidos e amparados. Foi um momento de apreensão ter que deixá-la no hospital. Ela nunca ficou sozinha”, relembrou Ana Carolina.
A neta contou que desde que a avó chegou ao Hospital de Campanha, no dia 6 de junho, todo dia a família recebia notícias e participava de videochamadas, mas os médicos começaram a perceber que ela estava muito quietinha. “Ela não fala quase nada em português. A comunicação estava muito difícil e ela foi ficando cada vez mais quietinha e sem tentar se comunicar com a equipe. Certo dia, o médico que a examinava percebeu que ela sentia um incômodo no ombro e a levaram para fazer um exame. O ortopedista que a atendeu falava japonês. Foi quando a equipe percebeu que ela se animou e trocou algumas frases”, explicou.
Ana Carolina foi chamada ao hospital para que juntos tentassem uma alternativa de interpretar o que Yumiko sentia ou gostaria de falar. “Decidi fazer cartazes. Fiz mais de 20 frases e cartazes com palavras de incentivos: Força, remédio para você ficar melhor, sua família está te aguardando, entre tantas outras”.
“O apoio da família foi fundamental na recuperação de Yumiko. Com as frases que a neta nos enviou, e com a ajuda do colega como intérprete, percebíamos que ela ficava mais animada e lutando para melhorar logo”, explicou o diretor do Hospital de Campanha, Arthur Felipe Rente. Segundo Arthur, o fato da paciente ser muito ativa e lúcida ajudou bastante em sua recuperação.
Dia 23 de junho foi o tão esperado dia da alta hospitalar. Yumiko deixou o Hospital de Campanha com aplausos de toda equipe que acompanhou sua luta.
Yumiko Tanaka nasceu em 4 de maio de 1914, em Okinawa, Japão. Chegou ao Brasil em 1959, teve seis filhos, seis netos e um bisneto. Uma das filhas, com netos e bisneto, mora no Japão. “Ela tem uma saúde de ferro. Se movimenta bem e sempre foi agradecida por tudo que conquistou. E agora, nós que seremos eternamente gratos por todo cuidado que ela recebeu em nossa cidade e pela vacina, que certamente não deixou que seu estado se agravasse”, afirmou Ana Carolina.
Além de abusar do chá, uma verdadeira arte apreciada no Japão, onde há inclusive cerimônias para tomar a bebida, Yumiko aprecia Coca-Cola, tempurá, pastel e peixes.