Pacientes diagnosticados com transtornos mentais graves produzem e comercializam itens de horta orgânica em oficina de geração de renda
Pacientes realizam plantio, cultivo e colheita de verduras e hortaliças
Pertencente ao Núcleo de Trabalho Arte (Nutrarte), ligado à Rede de Atenção à Saúde Mental da Secretaria de Saúde de São Bernardo, o projeto Vivendo Verde tem trazido novas perspectivas de vida a vários pacientes com transtornos mentais severos ou dependentes de álcool atendidos pelos CAPSs (Centros de Atenção Psicossociais) da cidade. A oficina terapêutica teve início em 2014 e foi reformulada em 2017. Desde então 25 pacientes já passaram pelo projeto.
O objetivo é contribuir com a reabilitação psicossocial dos pacientes por meio do trabalho, da arte e convivência. O Vivendo Verde atualmente tem duas grandes frentes de atividade: a primeira é o plantio e cultivo de verduras e hortaliças em geral, como couve, alface, almeirão, rúcula, cenoura, abobrinha, entre outras. A segunda é a produção e comercialização de terrários para plantio e decoração. Todo o trabalho é feito por quatro pacientes com a assessoria de uma monitora do Nutrarte. Os usuários se dividem nas funções que envolvem preparação da terra, plantio, colheita, logística de entregas a domicílio e parte administrativa.
Durante a realização das atividades são estimuladas questões relacionadas à organização, gestão financeira, apresentação da embalagem, divulgação nas redes sociais, técnicas para o plantio nos canteiros e para a produção dos terrários.
“A inclusão social promovida pelas atividades do projeto traz ao grupo não só a possibilidade de fazer planos para o futuro, como dá força e motivação para superar as dificuldades impostas por suas possíveis patologias. Para pessoas que tem algum tipo de isolamento social conviver e trabalhar em grupo pode ser algo bastante difícil. O Vivendo Verde possibilita que os participantes exercitem este convívio pessoal, já que por meio da atividade profissional necessitam trocar ideias, tomar decisões coletivamente, respeitar e aprender a lidar com as limitações do próximo”, explica o assistente técnico do Nutrarte, Carlos Aluisio de Siqueira.
Terrários artesanais são criados e destinados à venda
Trabalhando na perspectiva da economia solidária, os participantes são estimulados a opinar e decidir sobre todo e qualquer assunto que envolva o projeto. Ao mesmo tempo, o monitor responsável por assessorar os pacientes realiza exercício diário de estímulo para que os participantes sejam protagonistas em todas as etapas do processo.
Outro avanço importante observado no quadro de saúde mental dos pacientes é a elevação da autonomia. Os usuários aprenderam a se deslocar sozinhos de ônibus na cidade e são motivados pela vontade de trabalhar. “Além de conquistar a autonomia para seu próprio deslocamento, os pacientes realizam as entregas dos produtos em domicílio para diversos clientes. Isso simboliza uma grande conquista para usuários que haviam perdido a habilidade de se locomover sozinhos e que hoje utilizam o transporte público tranquilamente”, completou Aluisio.
Atualmente 10% do valor de venda de cada produto é revertido para a manutenção dos materiais utilizados ou para compor um fundo de caixa. Já o restante é dividido proporcionalmente entre os pacientes por hora trabalhada.
O tempo de permanência na oficina varia de cada paciente. A média é em torno de dez meses. Enquanto participa da atividade, o usuário é acompanhado por equipe multiprofissional dos CAPSs composta por psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros. Cada usuário possui um profissional de referência técnica responsável por acompanhar e identificar a evolução clínica durante o processo. Um Projeto Terapêutico Singular (PTS) é desenvolvido para cada paciente, em respeito à individualidade e às condutas terapêuticas mais apropriadas para cada caso – sempre discutidas de forma interdisciplinar entre os profissionais.
Todos os itens produzidos pelos pacientes na oficina são comercializados nas secretarias de Finanças e de Saúde e no canteiro localizado no CAPS III do bairro Alvarenga (Estrada dos Alvarengas, 5809).
Além do Vivendo Verde, o Nutrarte coordena outras oficinas com pacientes da Rede de Saúde Mental de São Bernardo nas áreas de marcenaria, salão de beleza, brechó, estamparia, artes visuais e alimentação. Ao todo, 45 pacientes participam atualmente de oficinas terapêuticas ligadas à geração de renda.
Interessados podem conferir os itens produzidos pelos pacientes na rede social Instagram por meio dos canais: @nutrarte.sbc, @vivendoverdeorganicos, @tempero_bom e @materoficina. Informações: (11) 4122-2492 ou pelo WhatsApp (11) 95023-6282.
