Adolescentes consomem 26 quilos de açúcar por ano

Publicado em: 26/07/2013

Farceria entre FMABC e USP, estudo epidemiológico inédito avalia consumo de bebidas entre jovens de 3 a 17 anos em cinco capitais

Crianças e adolescentes brasileiros estão trocando o consumo de água e leite por bebidas açucaradas como refrigerantes e sucos industrializados ou em pó – fator que têm aumentado consideravelmente os casos de obesidade infantil, além dos riscos para o desenvolvimento de doenças antes observadas em adultos, como diabetes melito tipo 2 e hipertensão. A afirmação está embasada no primeiro estudo epidemiológico nacional que avaliou o consumo de bebidas entre jovens de 3 a 17 anos em cinco capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e Recife.

Segundo o trabalho, os adolescentes consomem em média 26 quilos de açúcar por ano com refrigerantes e sucos prontos – quantidade 45% acima do limite aceitável, que é 18 quilos. Crianças em idades pré-escolar e escolar também consomem mais açúcar do que o recomendado. “O aumento da ingestão de açúcar traz risco imediato de obesidade e sobrepeso precocemente. As consequências disso em médio e curto prazos são o desenvolvimento de diabetes no adulto jovem e de doenças cardiovasculares”, adverte o professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, Dr. Claudio Leone, autor do estudo juntamente com os professores Dr. Rubens Feferbaun, do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da USP, e Dr. Luiz Carlos de Abreu, da Faculdade de Medicina do ABC.

De acordo com a pesquisa, o hábito de olhar as informações nutricionais na embalagem dos alimentos pode auxiliar na mudança dos hábitos alimentares. “No processo de industrialização, no processamento dos alimentos, tende a haver certa padronização. Frequentemente, para melhorar o paladar, é acrescido o açúcar”, explica Dr. Claudio Leone.

Apesar dos resultados, os pesquisadores ressaltam que não é necessário ser radical, mas sim consumir com moderação. Também reforçam a importância da água na alimentação, que “é sempre a bebida mais saudável”.

Batizado “Fluid intake patterns: an epidemiological study among children and adolescents in Brazil”, o trabalho foi publicado em forma de artigo científico no periódico internacional BMC Public Health.