Publicado em: 20/01/2014
Professor Titular de Saúde Coletiva da Faculdade de Medicina do ABC desde 1996, Dr. Marco Akerman inicia 2014 frente a novos desafios. Vice-diretor da FMABC no mandato 2010-2013, o docente deixa o cargo para assumir a titularidade do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da Universidade de São Paulo.
Médico e especialista em Saúde Pública e Medicina Social pela Universidade Federal de Minas Gerais, Akerman traz no currículo ampla produção científica, dezenas de cursos e especializações, com destaques para a livre docência na Faculdade de Saúde Pública da USP, mestrado e doutorado na University of London, na Inglaterra. Coordena nacionalmente desde 2011 o Grupo de Trabalho de Promoção da Saúde / Desenvolvimento Local Integrado e Sustentável (GT-PS/DLIS) da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e já foi vice-presidente da Associação Mineira de Saúde Mental, consultor do Programa de Apoio a Projetos de Municípios Saudáveis na América Latina financiados pela Fundação Kellog e consultor regional da Organização Pan-Americana da Saúde em “Saúde e Desenvolvimento Local” e Ponto Focal Regional em Determinantes Sociais da Saúde. Já atuou como secretário-Adjunto de Saúde da cidade de São Paulo e foi presidente da Associação Paulista de Saúde Pública, entre outras atribuições.
Apesar das novas responsabilidades na Universidade de São Paulo, Dr. Marco Akerman afirma que não pretende se afastar da FMABC. Segue entrevista completa com o vice-diretor.
Como o senhor avalia sua gestão como vice-diretor da FMABC?
Marco Akerman (MA): Entendo que esta resposta não possa ser dada de maneira isolada, avaliando exclusivamente minha gestão, pois ela esteve sempre vinculada ao trabalho e decisões coletivas do Núcleo Gestor da FMABC. Mas, talvez poderia atribuir algum mérito ao meu papel neste coletivo, quando em algumas situações procurei estabelecer pontes e potencializar colaborações entre os membros do Núcleo. Poucas foram as discordâncias entre mim e o diretor, Dr. Adilson Casemiro Pires. Seguirmos juntos, sem rupturas, nos quatro anos de nossa gestão, foi uma marca que nos distinguiu de gestões anteriores em que diretor e vice não se apoiaram mutuamente ao longo da gestão, gerando alguma instabilidade institucional. Foram muitas as conquistas obtidas pelo Núcleo Gestor ao longo destes quatro anos e o próprio modo de gestão, ancorado na gestão compartilhada via Núcleo, foi um destaque. Não há como deixar de mencionar o equilíbrio das contas e o aumento da receita acadêmica e não acadêmica como grandes conquistas. Não se pode esquecer que o processo para nos transformarmos em um Centro Universitário de Ciências da Saúde foi posto em marcha de maneira consistente pela nossa gestão. Assuntos relacionados com a qualidade de vida dos estudantes foram colocados com prioridade na agenda da gestão. Institucionalizar a recepção aos novos alunos e constituir a Comissão de Extensão da FMABC – a COMEX – foram temas com os quais me envolvi pessoalmente e com muita paixão.
Como vê a FMABC no cenário educacional nacional contemporâneo?
MA: Cada vez mais a FMABC se insere ativamente nos movimentos e políticas desenvolvidas pelas escolas médicas brasileiras, suas entidades e órgãos de governo. Somos parte do PRO-Saúde, do Pet-Saúde, do PIBIQ, do Pro-Ensino na Saúde, do Pro-Residência, do Programa de Bolsas Capes, etc., e acabamos de submeter dois belos projetos de Residências Multiprofissionais em Saúde do Idoso e Cuidados ao Paciente Oncológico. Não podemos ficar de costas para o importante debate que trava o governo com as escolas médicas, entidades de classe e sociedade para incentivar mudanças na formação médica e nas outras profissões de saúde, assim como no provimento e fixação de médicos. Há reflexos disso tudo na região do ABCDMRR e não podemos nos omitir.
Quais as principais virtudes da FMABC?
MA: O maior patrimônio da MED-ABC são os alunos! Desde que aqui cheguei em 1996 me encanto cada vez mais com a capacidade empreendedora dos nossos alunos: DAs e CAs, atléticas, clowns, congressos acadêmicos, campanhas, ligas, feiras, festas, shows, etc., têm os dedos, as mãos e as cabeças criativas do corpo discente. Uma outra importante virtude que gostaria de mencionar é o fato de sermos uma escola regional. Muitas vezes brincamos que somos filhos de três pais, mas que algumas vezes nos vemos órfãos, indicando que nem sempre muitos donos nos conferem maior segurança financeira ou institucional. Entretanto, o fato de estarmos vinculados com sete municípios nos confere múltiplas oportunidades de cenários de ensino e diversidade de condições de vida que enriquece muito o processo de ensino-aprendizagem dos nosso alunos.
Quais os desafios principais que a FMABC deverá enfrentar nos próximos anos a fim de continuar num caminho próspero?
MA: Um amigo meu diz uma frase que gosto muito e que cabe mencionar aqui. E faz todo sentido em relação à pergunta: “o que mais conspira para o sucesso do futuro é o sucesso do presente e do passado”. Neste sentido, se a FMABC deseja continuar no referido “caminho próspero”, a comunidade acadêmica terá que fazer algumas escolhas e talvez algumas renúncias. Empreender um sólido e pactuado sistema de avaliação docente, com os devidos ônus e bônus, poderia ser uma destas escolhas e deixar de conviver com o atual modelo de seleção para a residência médica se apresentaria como uma possível renúncia a ser analisada.
Qual o sentimento ao assumir cargo tão importante na USP e, ao mesmo tempo, se afastar de uma instituição que já declarou ter grande afinidade e carinho?
MA: Não pretendo, em absoluto, me afastar da FMABC! Logicamente, deixo de ter vínculos funcionais com a faculdade, mas pretendo continuar desenvolvendo atividades que sejam compatíveis com as regras estabelecidas pela FSP, como pesquisas, colaboração com a Pós-Graduação e Extensão, ministrar aulas eventuais sempre que convidado e ficar com o “ouvido atento” para detectar oportunidades, nos espaços que vou frequentar, nas quais possa convidar meus colegas da FMABC para participar de projetos, pesquisas, ciclos de debates, etc., principalmente os da disciplina de Saúde Coletiva.
Aproveitando o tema, qual será o futuro da disciplina de Saúde Coletiva com sua saída?
MA: Nosso grupo da Saúde Coletiva é bastante maduro e qualificado. Quase todos os colegas já fizeram seu doutorado e possuem grande experiência docente e sensibilidade para lidar com alunos de graduação e pós-graduação. A colega Vânia Barbosa do Nascimento assumirá a regência da disciplina até que um concurso para novo professor titular possa ser realizado. E já disse para a Vânia que pode continuar contando comigo como parceiro e amigo.