Publicado em: 27/02/2013
Especialistas trarão palestras gratuitas e relatos de casos abertos à população no próximo dia 1º de março (sexta-feira), a partir das 11h
Principalmente quando envolve morte prematura, a doação de órgãos é procedimento que enfrenta – na maioria dos casos – resistência de amigos e familiares. Para debater o assunto sob aspectos éticos, sociais e técnicos, a Comissão de Bioética do Hospital Estadual Mário Covas de Santo André promove em 1º de março (sexta-feira) evento gratuito e aberto à comunidade sobre o tema. A ação terá início às 11h no Centro de Estudos do HEMC (Rua Dr. Henrique Calderazo, 321, B. Paraíso – Santo André).
O evento começa com relato de caso conduzido pelo consultor em Humanização e Bioética da Fundação do ABC, Dr. Drauzio Viegas, seguido da palestra “Entrevista familiar para doação de órgãos e tecidos”, sob responsabilidade de Geórgia Pereira Silveira Souza, enfermeira do SPOT – Serviço de Captação de Órgãos e Tecidos do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. A professora de psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC e médica do HEMC, Dra. Cintia de Azevedo Marques Périgo, tem presença confirmada para falar sobre “Luto e recuperação familiar”.
Enfrentado polêmicas: Bioética é a área do conhecimento voltada à reflexão e discussão dos valores relacionados à vida e à saúde humana. A fim de debater o tema em diversas frentes, a Comissão de Bioética se reúne para discussões periódicas sobre questões éticas relacionadas à vida e à morte, como em casos de recém-nascidos com malformações incompatíveis com a vida, bebês sem prognóstico, pacientes testemunhas de Jeová que não autorizam transfusões de sangue e derivados, pacientes com doenças terminais, aplicação de cuidados paliativos e doação de órgãos, assim como a respeito do comportamento das equipes de atendimento frente aos familiares. No ambiente da Bioética também são tratadas questões como fertilização in vitro, aborto, clonagem, eutanásia e transgênicos.
A comissão é interdisciplinar e multissetorial, composta por médicos, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, nutricionistas e outros profissionais da saúde, além de membros da área jurídica e representantes da comunidade.
Trabalho minucioso: O procedimento para doação de órgãos começa quando há identificação do paciente como potencial doador, que só ocorre quando há suspeita de morte encefálica – caracterizada quando o tronco cerebral deixa de funcionar.
A partir da suspeita é aberto protocolo específico composto por testes para confirmação ou não da morte encefálica. Todos os procedimentos têm que apresentar resultado positivo para morte encefálica. Se um teste der negativo, o paciente não poderá ter os órgãos transplantados.
Com os testes iniciais positivos, espera-se seis horas e os exames são refeitos por outra equipe de atendimento. A condição se confirmando, o paciente é submetido à última etapa antes de passar de potencial doador para doador efetivo. Trata-se de exame complementar, normalmente o Doppler Transcraniano, cuja função é verificar se existe fluxo sanguíneo no cérebro. Se o sangue não estiver chegando ao cérebro, a morte encefálica é caracterizada. Nessa circunstância, o médico assina o atestado de óbito e o paciente é considerado morto. Cabe à família decidir pela doação ou não dos órgãos.
Estima-se que cerca de 50% dos potenciais doadores identificados acabam por se tornar doadores, o que demonstra elevado grau de conscientização das famílias.