Workshop da FUABC treina grupo do Programa de Qualidade de Vida no Trabalho

Publicado em: 12/09/2024

Especialista em Medicina do Trabalho e responsável por um programa premiado na P&G, Dr. Fernando Akio Mariya compartilhou experiências e estratégias para a implementação de ações focadas no bem-estar dos colaboradores

 

Nubia Secafem de Freitas e Dr. Fernando Akio Mariya

A Fundação do ABC, por meio da Diretoria de Recursos Humanos, deu início nesta semana às ações de seu Programa de Qualidade de Vida no Trabalho com um workshop comandado pelo Dr. Fernando Akio Mariya, especialista em Medicina do Trabalho, que já implementou iniciativas similares na multinacional P&G (Procter & Gamble), onde exerce o cargo de Diretor Médico para a América Latina.

O evento em 11 de setembro foi um marco no lançamento do programa, reunindo essencialmente o comitê de Qualidade de Vida no Trabalho da FUABC, cujos membros foram indicados pelas unidades gerenciadas. Em pauta, um debate sobre saúde física e mental no ambiente corporativo.

Nubia Secafem de Freitas, gerente corporativa de Recursos Humanos da FUABC, abriu o evento destacando a importância desse momento para a organização. “Lançamos em julho o nosso Programa de Qualidade de Vida no Trabalho e, a partir de agora, começamos efetivamente com nossas ações em todas as unidades de um modo corporativo. A presença do Dr. Fernando será essencial para nos embasar com experiências práticas”, afirmou.

Em sua palestra, o Dr. Fernando Akio abordou a necessidade de padronização das ações de saúde nas unidades da FUABC, destacando a importância de promover práticas que levem em conta as especificidades regionais, mas que sigam uma diretriz comum. “Já tive situações parecidas, em que cada unidade fazia à sua maneira. Precisamos garantir uma estrutura uniforme para que todos os colaboradores tenham acesso aos mesmos benefícios e atividades, sem grandes diferenças entre as unidades”, explicou o médico.

O especialista, que lidera um programa premiado na P&G, enfatizou também a importância de adaptar as iniciativas de bem-estar físico e alimentação às preferências culturais dos funcionários, além de promover um equilíbrio entre vida pessoal e trabalho, abordando questões como saúde mental e a necessidade de descanso adequado.

CONHEÇA SEUS NÚMEROS

O palestrante trouxe importantes reflexões sobre como a população pode assumir maior responsabilidade pelo cuidado com a própria saúde. “Todo mundo aqui precisa conhecer, e vocês precisam incentivar que seus trabalhadores também o conheçam. É um programa da Organização Mundial da Saúde (OMS) que se chama, lá fora, ‘Know Your Numbers’; em português seria ‘conheça seus números’. Todo mundo precisa conhecer cinco números basicamente”, explicou. Esses cinco indicadores são pressão arterial, medida da cintura e do quadril, níveis de colesterol e triglicérides, e a glicemia. Segundo ele, conhecer esses números é fundamental para garantir uma boa saúde, e, caso estejam alterados, a principal forma de melhorar esses índices não é, necessariamente, com medicamentos, mas sim com a adoção de hábitos de vida mais saudáveis.

A pressão arterial, por exemplo, pode ser controlada com mudanças no estilo de vida, e o mesmo se aplica à medida da cintura e quadril, que são indicativos de risco para doenças cardiovasculares. Além disso, o Diretor Médico da P&G destacou que a melhoria dos níveis de colesterol, triglicérides e glicemia depende diretamente da alimentação e da prática regular de atividades físicas. Assim, o cidadão que se atenta a esses indicadores tem maior controle sobre sua saúde e pode evitar problemas mais graves.

Nesse sentido, o comitê de Qualidade de Vida deve promover o conhecimento e acompanhamento desses números entre os colaboradores, estimulando-os a registrar e monitorar esses indicadores anualmente. Essa prática ajudaria a identificar possíveis alterações precocemente e a incentivar mudanças no estilo de vida para melhorar a saúde geral da equipe. O foco, portanto, está na prevenção.

SENSIBILIZAÇÃO AO PROBLEMA

Dr. Fernando Akio também ressaltou a importância de medir a intenção das pessoas de mudar seus hábitos, um ponto muitas vezes negligenciado. Ele compartilhou sua experiência de implementar programas de gestão de estresse em uma empresa onde apenas 5% dos colaboradores estavam sensibilizados ao problema, o que resultou em baixa adesão. A lição aprendida foi que, para garantir o sucesso de um programa, é fundamental verificar o quão dispostas as pessoas estão a participar. Se menos de 30% da população está sensibilizada ao problema, o programa não deve ser lançado ainda.

Dessa forma, é essencial que, ao identificar um risco, o comitê pergunte às pessoas se elas têm intenção de mudar aquele comportamento e, mais importante, quando pretendem fazê-lo. Se a resposta for dentro de um mês, ou mais rápido, o programa tem chances de sucesso; do contrário, será necessário trabalhar na sensibilização antes de implantar qualquer ação.

Em sua fala, o médico também destacou o papel da mensuração do absenteísmo como um indicador de saúde dentro da organização. “A OMS fala que, em média, em hospitais, o absenteísmo está por volta de 4% a 6%. Com isso, vocês conseguem ver pela taxa de atestados, como é que está o seu absenteísmo”, afirmou. Ele disse que, se o índice estiver acima disso, é necessário investigar as causas e trabalhar na melhoria da saúde dos funcionários para reduzir as faltas relacionadas a problemas de saúde.

Os ensinamentos mostraram que um programa de qualidade de vida bem-sucedido vai além da simples criação de ações. Depende do entendimento da realidade dos colaboradores, da sensibilização para a mudança e do monitoramento contínuo dos indicadores de saúde e absenteísmo.

Participaram da ação os membros do comitê de Qualidade de Vida da FUABC