Setembro Amarelo: especialistas alertam para formas de prevenção de sofrimentos psíquicos

Publicado em: 11/09/2025

Polo de Atenção Intensiva (PAI) em Saúde Mental é referência para atendimento de casos graves

 

Rogério Moraes, coordenador de Enfermagem do PAI-BS, Karla Lower, gerente-geral, e Dr. Sidney Costa Gaspar, psiquiatra

 

Todos os anos mais pessoas morrem como resultado de suicídio do que de HIV, malária, câncer de mama ou homicídios. Como forma de combater esse grave problema de saúde pública, foi criada a campanha Setembro Amarelo, dedicada à conscientização sobre a importância da prevenção.

 A campanha, que existe desde 2013, foi idealizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Neste ano o tema é “Se precisar, peça ajuda!”

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), são registrados mais de 700 mil casos de suicídios no mundo, número que pode chegar a 1 milhão se consideradas as subnotificações. No Brasil, são aproximadamente 14 mil casos por ano, ou seja, uma média de 38 pessoas por dia.

Para o Dr. Sidney Costa Gaspar, psiquiatra do Polo de Atenção Intensiva (PAI) em Saúde Mental da Baixada Santista, gerenciado pela Fundação do ABC em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, é preciso estar atento a sinais como de desesperança, isolamento e tristeza profunda. “Há uma ambivalência. A pessoa quer morrer, mas também não quer. Ela quer se livrar da dor que está sentindo. Nós podemos intervir nesse processo e minimizar os danos”, afirma Gaspar.

Segundo o especialista, muitos casos estão relacionados a transtornos psiquiátricos como depressão, dependência química, esquizofrenia, transtorno bipolar, entre outros. A OMS aponta que mais de 1 bilhão de pessoas vivem com transtornos mentais no mundo, sendo que menos de 10% dos afetados em países de baixa renda recebem tratamento adequado.

“O suicídio é algo presente em adolescentes, adultos e idosos. Temos que falar sobre isso e não varrer para debaixo do tapete”, reforça Dr. Sidney. “É importante levar a pessoa a profissionais habilitados, saber ouvir, prestar atenção. Essa é uma morte prevenível e o ‘Setembro Amarelo’ faz a gente se lembrar disso”.

FUNÇÃO DO PAI-BS

Como forma de suprir demandas de saúde mental e psiquiátricas na região da Baixada Santista, foi inaugurado em 2010 o Polo de Atenção Intensiva (PAI) em Saúde Mental. O serviço é gerido pela FUABC em parceria com o Governo do Estado desde novembro de 2020.

A unidade realiza um trabalho minucioso em casos graves relacionados à saúde mental. “Existem algumas questões no suicídio que são sutis, mas têm um impacto diferente. Com qual método a pessoa tentou se matar? Quando a gente identifica a gravidade de uma tentativa de suicídio, precisamos internar o paciente para ter tempo de a medicação fazer efeito, iniciar a terapia e tentar impedir o processo”, analisa o psiquiatra.

No PAI-BS, o paciente conta com uma equipe assistencial composta por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e cuidadores de saúde. Além disso, o serviço também conta com uma equipe multidisciplinar composta por psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, farmacêuticos e nutricionistas.

“Aqui eles são tratados com uma proposta de remissão da crise da fase aguda, com base em um processo terapêutico singular, visando a alta o mais breve possível, para que eles possam retornar ao convívio social”, explica Karla Lower, gerente-geral do PAI-BS.

A gestora relata que durante a internação, além do tratamento com especialistas, também são realizadas atividades como ginástica laboral, terapia ocupacional – onde acontecem oficinas de beleza e culinária – visando a recuperação do paciente.

Para ter acesso ao tratamento, o indivíduo precisa passar primeiro por um atendimento em um serviço médico público, onde é identificada a necessidade de internação. “Havendo essa demanda, a vaga é solicitada. Atualmente temos 30 leitos, 22 em ocupação”, diz Lower. “É importante salientar que o paciente já sai da nossa unidade com a alta referenciada e com a medicação para cinco dias, para dar o tempo de ele chegar no local onde dará continuidade no tratamento”, conclui.

BUSQUE AJUDA

Formado exclusivamente por voluntários, o Centro de Valorização da Vida (CVV) oferece apoio emocional e orientações sobre prevenção do suicídio 24h por dia, de forma sigilosa e gratuita. Para mais informações acesse www.cvv.org.br ou ligue 188.