Publicado em: 03/11/2025

Em alusão à Campanha do Outubro Rosa, o Hospital da Mulher Maria José dos Santos Stein, localizado em Santo André e gerenciado pela Fundação do ABC em parceria com o município, realizou o evento de lançamento de seu novo Protocolo de Mastologia. Ao todo, 150 pessoas se reuniram no auditório da unidade para conhecer as novas diretrizes que visam agilizar o tempo de atendimento de pacientes oncológicos da região.
Entre os presentes estavam autoridades do município que reforçaram a relevância da iniciativa. O coordenador da Atenção Primária à Saúde de Santo André, Mário Alexandre Louro, ressaltou o foco da rede municipal em valorizar e compreender as necessidades do público feminino. “Precisamos aprender com as mulheres. Conhecer o nosso público feminino e cuidar dele é essencial. Este lançamento vai ampliar os procedimentos dos nossos trabalhos na Secretaria da Saúde.”
A secretária-adjunta de Saúde, Vanessa Crispim, representando o secretário Edson Salvo Melo, destacou a evolução da rede de saúde andreense. “Tivemos um crescimento muito grande no município e, com isso, vieram novas ferramentas de trabalho para melhorar os nossos serviços. Os protocolos dão embasamento para que o profissional possa atuar com mais tranquilidade e garantir o encaminhamento correto dos pacientes, especialmente no diagnóstico precoce.”
A campanha do Outubro Rosa busca incentivar mulheres ao diagnóstico precoce da doença, de forma que, se identificada em estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%. Segundo dados apresentados no evento, apenas uma pequena parcela dos casos tem origem hereditária.
A obesidade e o sedentarismo estão entre os principais fatores de risco modificáveis. Portanto, é preciso incentivar a prevenção todos os dias com hábitos saudáveis.
REFERÊNCIA
O diretor clínico do Hospital da Mulher, Dr. Felipe Colbert, reforçou o papel da instituição como referência em boas práticas médicas e no fortalecimento das ações extramuros. “Estamos implementando protocolos institucionais que garantem acesso aos serviços de especialidades. Hoje, lançamos oficialmente o Protocolo de Mastologia, reafirmando nosso compromisso com condutas baseadas em evidências científicas, acolhimento e ética”, destacou.
O Hospital da Mulher de Santo André é referência regional em atendimento ginecológico, obstétrico e oncológico, prestando cerca de 4.500 atendimentos mensais. “O câncer de mama é o mais prevalente entre as mulheres. Nosso compromisso é oferecer assistência de qualidade, em busca do diagnóstico precoce e tratamento humanizado. O hospital tem um grande impacto social na vida das andreenses”, completou o diretor.
PROTOCOLO
O novo Protocolo de Mastologia foi apresentado pelo Dr. Fernando Tocchet, coordenador de Mastologia do Hospital da Mulher. “Nosso objetivo é facilitar o fluxo de atendimento, promovendo acolhimento e uma abordagem especializada às pacientes. O câncer de mama é o mais comum entre as mulheres e o que mais causa mortes, com cerca de 73,6 mil novos casos estimados. Uma em cada oito mulheres pode desenvolver a doença”, alertou.
O protocolo prevê início do tratamento oncológico em até 60 dias, priorizando casos críticos e otimizando o fluxo de encaminhamento entre as unidades básicas e o Hospital da Mulher. “O que buscamos é desburocratizar o acesso. Ao serem atendidas na rede básica de saúde, pacientes com alteração clínica, descrita em exame, serão admitidas diretamente, sem necessidade de aguardar outros laudos. Queremos oferecer diagnóstico e tratamento ágil e eficaz”, afirmou Tocchet.
Com o novo protocolo, o hospital contará com a estruturação de uma equipe multiprofissional especializada em mamas, responsável por avaliar diagnósticos, definir condutas, indicar e realizar cirurgias oncológicas e reparadoras, além de apoio e acolhimento às pacientes. Também serão realizados exames de imagem na unidade: mamografia e ultrassonografia, além de biópsias.
Haverá, igualmente, articulação com a rede assistencial direcionando as pacientes para tratamentos complementares e no suporte em fisioterapia, reabilitação e acompanhamento clínico.
ORIENTAÇÕES ÀS UBSs
O coordenador de Mastologia do Hospital da Mulher, Dr. Fernando Tocchet, explicou ainda a diferença entre prevenção primária — onde atuam as redes de atenção básica e que envolve hábitos saudáveis, incentivando a criação de grupos de atividade física, de combate ao tabagismo e à obesidade — e a prevenção secundária, que busca diagnosticar o paciente precocemente, principalmente por meio da mamografia. O exame que diagnostica o câncer de mama pode reduzir em até 35% a mortalidade pela doença.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), o rastreamento com mamografia deve ser iniciado a partir dos 40 anos de idade e se estender até os 74 anos, sendo realizado anualmente. Acima dessa idade, a conduta é individualizar o benefício. Essa recomendação possibilita o diagnóstico precoce do câncer de mama, aumentando as chances de tratamento eficaz e reduzindo a mortalidade pela doença.
No Sistema Único de Saúde (SUS), a diretriz oficial ainda recomenda que a mamografia seja feita a cada dois anos (rastreamento bienal). “O critério etário (mamografias a partir dos 40 anos) se aplica apenas ao rastreamento populacional de mulheres assintomáticas. Em pacientes com sinais ou sintomas suspeitos (como nódulo palpável, retração mamilar, secreção ou ulceração), a investigação deve ocorrer em qualquer idade”, advertiu o mastologista.
No Brasil, segundo Tocchet, a maioria dos diagnósticos ocorre por volta dos 56 anos, o que reforça a importância de começar o rastreamento mais cedo e de forma regular. “É importante destacar que o ultrassom de mamas não é um método de rastreamento, mas um exame complementar, indicado para esclarecer achados da mamografia ou avaliar situações específicas, como mamas densas.”
PADDRONIZAÇÃO
A padronização dos laudos de mamografia por meio do sistema BI-RADS é fundamental para orientar condutas e facilitar o encaminhamento correto. O diretor clínico do Hospital da Mulher, Dr. Felipe Colbert, esmiuçou o que cada classificação significa.
“Exames em categoria BI-RADS 0 são inconclusivos, ou seja, necessitam de complementação. Não indica câncer, mas exige novo exame antes da classificação definitiva. Deve ser resolvido na atenção básica. Já os de categoria 1 e 2 são considerados achados benignos, sem relação com câncer de mama. Não necessitam encaminhamento ao Hospital da Mulher. Na 3, achados provavelmente benignos (risco menor que 2%), nós vamos fazer o acompanhamento no hospital por até 2 anos. Caso o achado permaneça estável, reclassifica-se para categoria 2. As últimas categorias (4, 5 e 6), achados suspeitos ou confirmados de malignidade, são o foco principal do hospital. Necessitam de avaliação imediata, biópsia e definição de tratamento”, explicou.
CAMINHÃO
Desenvolvido em parceria com a Fundação do ABC, durante todo o dia também esteve presente na ação o caminhão do programa Saúde em Movimento, da Prefeitura de Santo André. As colaboradoras do hospital puderam realizar aferição de pressão arterial, teste de glicemia (dextro), bioimpedância, auriculoterapia, ventosaterapia e espirometria (exame do pulmão).
Com dois consultórios móveis, possibilitando diferentes tipos de atendimento, a estrutura contou com uma nutricionista, responsável por avaliações e orientações alimentares, e dois educadores físicos para incentivar hábitos saudáveis e atividades regulares. O Caminhão da Saúde percorre diferentes bairros de Santo André, de forma itinerante, levando atendimentos básicos e ações de promoção à saúde a todas as regiões do município, inclusive parques e outros espaços públicos, ampliando o acesso da população aos serviços de saúde.
VIVA MELHOR
Em parceria com o Hospital da Mulher e outras unidades da rede de saúde de Santo André, Vera Emilia Chiavelli Teruel, fundadora e presidente da Associação Viva Melhor, apresentou a ONG, que foi iniciada em 1999, em Santo André, juntamente com Terezinha Pontes Cipriani (em memória).
A associação promove reabilitação física, emocional e estética de mulheres com câncer de mama e realiza palestras, reuniões, caminhadas e campanhas de conscientização, além de oferecer apoio psicológico, orientação no tratamento e doação de próteses.
“Pensando na qualidade de vida da mulher mastectomizada, buscamos sempre acolher e fortalecer cada paciente. Contamos com 55 voluntárias, que produzem próteses, perucas e organizam eventos. Já atendemos mais de 10 mil mulheres ao longo desses anos”, concluiu Vera Emília.