Publicado em: 09/12/2016
O Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (Concea) realizou em São Paulo, dias 5 e 6 de outubro, o “Simpósio de Métodos Alternativos ao Uso de Animais no Ensino” – iniciativa que buscou compartilhar experiências para construir modelos de educação que atendam a demandas éticas, legais e sociais. A Faculdade de Medicina do ABC esteve representada no evento pela coordenadora do Biotério e responsável pela supervisão de todas as pesquisas que envolvam animais de laboratório na instituição, Dra. Giuliana Petri, que apresentou o trabalho “Alternativa ao uso de animais vivos na aula prática de vias de administração na disciplina de Farmacologia”.
Segundo Petri, desde 2010 a FMABC tem oferecido curso gratuito de uma semana a alunos de graduação e pós-graduação, com utilização de método alternativo, a fim de ensinar a manipulação correta de animais, garantir o bem-estar dos mesmos e o cumprimento de todas as leis vigentes que regem a matéria. “Preparamos os estudantes para que saibam lidar adequadamente em possíveis situações em que precisem atuar com animais, como em estudos científicos pertinentes, por exemplo. Para esse treinamento, desenvolvemos um método alternativo em que utilizamos cadáveres de ratos utilizados em pesquisas e que seriam descartados. Através de preparo específico, conseguimos reaproveitar esses cadáveres nas aulas práticas como alternativa ao uso de animais vivos”, detalha a veterinária Giuliana Petri, que também é professora titular da disciplina de Farmacologia e Toxicologia da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES).
O “Simpósio de Métodos Alternativos ao Uso de Animais no Ensino” foi organizado pelo Concea em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG) e a Universidade de São Paulo (USP), com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Também contou com colaboração das universidades federais de São Paulo (Unifesp) e do Paraná (UFPR).
PROCESSO DE TRANSIÇÃO
O Concea aprovou 17 métodos alternativos ao uso de animais. Formalizada em setembro de 2014, a lista inaugurou o processo de reconhecimento de técnicas sugeridas por entidades como o Centro Brasileiro de Validação de Métodos Alternativos (BracVAM) ou por estudos colaborativos internacionais publicados em compêndios oficiais. A norma estipula cinco anos para substituição do uso de animais. Para calcular o período, a instância projetou o tempo necessário para adequação da infraestrutura laboratorial e capacitação de recursos humanos demandados pelos ensaios substitutivos.
Em fevereiro de 2016, o Concea publicou no Diário Oficial da União a Diretriz Brasileira para o Cuidado e a Utilização de Animais em Atividades de Ensino ou de Pesquisa Científica (DBCA), documento sobre responsabilidade institucional que dá respaldo legal à objeção de consciência.