AME Praia Grande torna-se referência para diagnóstico de microcefalia

Publicado em: 13/04/2017

Unidade recebe novo equipamento e institui protocolo para atendimento de casos suspeitos

Novo protocolo para casos suspeitos inclui o exame BERA, sorologia e ultrassonografia transfontanela

O Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Praia Grande foi selecionado como referência na Baixada Santista para diagnóstico de recém-nascidos com microcefalia – malformação congênita que afeta o desenvolvimento e o crescimento normais do cérebro. A unidade recebeu da Secretaria Estadual da Saúde equipamento destinado a realização do exame BERA, que identifica o potencial auditivo de crianças com até dois meses. Este é um dos três procedimentos que a unidade realiza para concluir o diagnóstico da doença.

O novo protocolo para casos suspeitos está em vigência desde janeiro e inclui, além do BERA, exame de laboratório (sorologia) e a ultrassonografia transfontanela, procedimento específico para examinar a moleira. Desde então, apenas um caso suspeito da doença foi atendido na unidade, na primeira semana de abril. Após a realização dos exames são necessários 15 dias para receber o resultado final. “Se o diagnóstico for confirmado, o recém-nascido realiza exames mais específicos e é encaminhado para tratamento no Hospital Estadual Guilherme Álvaro, em Santos, onde receberá suporte adequado e compatível ao quadro clínico. Antes, a demanda era absorvida pelos municípios”, explica a gerente administrativa da unidade, Simone Pereira da Cruz. O recém-nascido diagnosticado com microcefalia também é encaminhado para acompanhamento com oftalmologista, otorrinolaringologista e neuropediatra.

O AME Praia Grande disponibiliza vagas diariamente para os municípios agendarem as consultas para os recém-nascidos até dois meses. As mães também podem buscar encaminhamento nos postos de saúde das cidades. Ao dar entrada no AME, a criança passa por triagem com a Enfermagem e, mediante necessidade, é submetida aos exames do novo protocolo de atendimento.

A DOENÇA

Uma das características da microcefalia é o tamanho do crânio do feto ou da criança, considerado menor do que o padrão mínimo para a idade. Já entre as principais sequelas estão o comprometimento visual, da audição ou da fala. “Porém, o grande problema é a deficiência intelectual e cognitiva. A maioria das crianças com microcefalia vai andar, vai correr, mas vai ter grande dificuldade para aprender e para ter uma vida independente”, explica o professor da disciplina de Neurologia da Faculdade de Medicina do ABC e presidente da Sociedade Brasileira de Neurologia Infantil, Dr. Rubens Wajnsztejn.

As causas mais conhecidas da doença ocorrem ainda dentro do útero materno. A rubéola, a toxoplasmose e o citomegalovírus na gestante são os agentes mais conhecidos que podem ocasionar a malformação no feto. A transmissão também pode se dar a partir da picada do mosquito Aedes aegypti, que transmite a dengue, a febre chikungunya e o Zika vírus, este último grande responsável pelo aumento dos casos de microcefalia entre 2015 e 2016.

O Ministério da Saúde orienta as gestantes a manterem em dia o acompanhamento e as consultas de pré-natal. Além disso, devem adotar medidas preventivas, como uso de repelentes, para redução da presença de mosquitos transmissores de doença. Entre janeiro e março deste ano, foram confirmados cerca de 170 casos da doença no país.