Anfiteatro do ‘Irmã Dulce’ vira ateliê

Publicado em: 22/02/2013

Cenário de cursos e reuniões técnicas, o anfiteatro do Hospital Municipal Irmã Dulce deixou de lado seu jeito formal para virar ateliê de pintura ao receber, pela terceira vez, as artesãs Silene Perretti e Denise Valentim, no último dia 18. Com tinta expansível, botões coloridos e retalhos de tecidos florais, elas ensinaram acompanhantes e pacientes com liberação médica a criar “eco bags”, como são chamadas as sacolas ecológicas, enfeitadas com quatro tipos diferentes de fuxico (técnica de costura que transforma círculos de tecido em flores).

Todo material usado foi doado pelas artesãs, que pretendem promover oficinas mensais no hospital. A próxima será no dia 11 de março, quando a dupla ensinará a técnica de uma guirlanda de Páscoa com madeira, palha e tecido. A cada visita, um tema diferente é abordado: as artesãs já ensinaram a confeccionar caixas de chá com guardanapos decorados e porta-panetones estilizados, sempre usando materiais simples e baratos.

Com apoio da Comissão de Humanização, as oficinas tiram o foco da internação hospitalar, ajudando mães de crianças internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e as gestantes do Centro de Patologia Obstétrica, entre outros casos. A ideia é promover momentos de descontração e relaxamento, com chá, café e bolachas.  Como o hospital recebe muitas pessoas carentes, o aprendizado também ajuda na geração de renda para complementar o orçamento doméstico. Outro benefício é a alegria de produzir algo especial: “Muitas descobrem um talento que nem conheciam”, prossegue a artesã.

arte fuxico 3O convite às artesãs partiu da assistente social do complexo, Renata Carvalho, em contato com a assistente técnico-pedagógica Rosane Aparecida dos Santos Tavares, da Secretaria de Educação (Seduc). Por intermédio de Rosane, as artesãs, que já desenvolvem ações com mães de alunos em escolas municipais de Praia Grande, manifestaram o desejo de promover a oficina junto a pacientes e acompanhantes do Irmã Dulce. “Era um sonho delas e acabei fazendo esse elo”, explica Rosane. “O artesanato ajuda a diminuir o estresse, deixa as pessoas em outro astral. Elas sentem satisfação pelo que foram capazes de produzir e, no momento em que se encontram debilitadas, isso assume uma importância maior”.

Amigas “desde sempre”, Silene e Denise deixaram emprego na área administrativa de uma grande empresa para se dedicar ao artesanato. Hoje mantém um ateliê em São Paulo, o Transformando em Arte, onde dão aulas, vendendo a produção pela Internet. “Esse trabalho voluntário em hospital era um sonho antigo”, explica Silene. “É muito bom estar aqui”.

Representantes do Grupo Feliz de voluntários e do Apoio Técnico participaram da oficina para servir de multiplicadores.