Artigo para o Dia Internacional da Mulher: A ‘ditadura’ da beleza

Publicado em: 02/03/2021

“A beleza externa, sem brilho interior, não resplandece, torna-se opaca e rapidamente desaparece”

 

* Por Dra. Maria Regina Domingues de Azevedo

 

Estar satisfeito com a pró­pria aparência significa, acima de tudo, satisfação com a vida e consigo mesmo. É muito co­mum as pessoas “depositarem” ou “transferirem” a desarmonia emocional para o corpo. Na ver­dade, raramente o verdadeiro motivo da insatisfação está no que é visível externamente, isto é, nos atributos físicos.

O conceito de beleza é mui­to maior do que se imagina. A beleza não se restringe a um rosto jovem ou a um corpo bem tornea­do. É, antes disso, estar bem consigo mesmo, sentir-se feliz, gostar de si mesmo, ter respei­to próprio e aceitar-se como pessoa. Simpatia, elegância e educação também fazem parte do conjunto. Uma mulher será bonita, desde que ela se sinta bonita. A beleza externa, sem brilho interior, não resplande­ce, torna-se opaca e rapida­mente desaparece.

A partir dos anos 90, tornou-se evidente a cobrança a respei­to da beleza masculina. Desde então, eles têm se mostrado mais vaidosos e interessados na forma física. Porém, a preo­cupação com a estética ainda é mais acentuada entre as mulhe­res. Ao longo da história, elas são cada vez mais competitivas e, nesse contexto, sem dúvidas, concorrem entre si.

Ao observarmos os perío­dos da história, os diferentes padrões culturais e sociais, bem como as diversidades regionais, verificamos que a definição de beleza depende de vários fato­res. A mídia, e particularmente a TV, exerce indiscutivelmen­te uma grande influência no comportamento das pessoas. A TV consegue permear todas as classes sociais e alcançar as regiões mais distantes, falando para todos e com todos. Seu poder de persuasão e sedução muitas vezes é maior do que a razão. Porém, isso não signifi­ca que os modelos de beleza divulgados devam ser adota­dos. Faz-se necessário analisar e ponderar acerca não apenas dos padrões de beleza, mas de tudo que a mídia apresenta.

Não existe uma receita pron­ta, que se aplique a todas as pessoas indiscriminadamente, para encontrar a própria beleza. Mas, o resultado é sempre positi­vo quando o indivíduo procura se conhecer melhor e aprende a reconhecer suas qualidades, buscando se valorizar tanto externa como internamente. Ele descobre, assim, aspectos interessantes e que são verda­deiramente importantes. Esse processo exige apenas autocui­dado e atenção consigo mesmo. Se chegar a esse objetivo estiver muito difícil, não se deve hesitar em procurar ajuda de um profis­sional especializado.

 

* Dra. Maria Regina Domingues de Azevedo é psicóloga, professora do Departamento de Pediatria e vice-coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC).