CHM de Santo André realiza primeira cirurgia bariátrica por vídeo

Publicado em: 19/08/2022

Procedimento, menos invasivo, faz parte da Linha de Cuidado da Pessoa com Sobrepeso e Obesidade do hospital

 

Foto: Rafaela Mazarin/PSA

O Centro Hospitalar Municipal (CHM) de Santo André realizou em 15 de agosto sua primeira cirurgia bariátrica por videolaparoscopia. A nova técnica utilizada é menos invasiva e mais confortável para o paciente, que além de ter uma recuperação mais rápida, possibilita menor risco de infecção do que a cirurgia em que o abdômen é cortado.

“Inovação e tecnologia que chegam ao CHM para a realização de cirurgias bariátricas pelo método menos invasivo, proporcionando maior efetividade e cuidado com os nossos pacientes neste tratamento, que é referência em Santo André”, destaca o prefeito Paulo Serra.

Mais do que realizar um sonho, a auxiliar administrativa Denise Aparecida Souza das Virgens, de 45 anos, começou a resgatar sua autoestima, identidade e amor próprio no momento em que entrou no centro cirúrgico. Sem conseguir conter a ansiedade, a moradora do Jardim Clube de Campo conta que esse momento representa um divisor de águas em sua vida, já que desde a segunda gestação não conseguiu retomar seu peso anterior.

A obesidade trouxe vários problemas de saúde para a auxiliar administrativa que, diariamente, precisa tomar quatro remédios controlados. “Com a obesidade desenvolvi pressão alta, arritmia cardíaca, falta de ar e preciso tomar quatro remédios por dia. Fiquei muito feliz por ser a primeira pessoa a fazer a cirurgia por vídeo. Minha mãe é enfermeira e ela fala que a recuperação é muito melhor”, pontua.

“Hoje eu estou tão ansiosa, feliz e me sinto vitoriosa. Por muitos anos eu me sentia um lixo, comparando o que eu era, para o que eu virei. A gente não consegue se sentir bonita, poucas lojas tem roupa para gente”, diz Denise das Virgens. “Minha luta dura anos. Com mais de 130 quilos, iniciei meu processo no convênio, depois que perdi o plano, vim para o SUS, passei por grupos de apoio na unidade de saúde e, com muita força de vontade, perdi 20 quilos, mas depois estacionou”, completa.

Denise conta que, para perder peso, ao longo de anos tentou vários métodos. Em uma dessas tentativas, quase morreu e teve de ser assistida na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Eu já tentei de tudo, já parei na UTI e quase morri por causa de remédio para emagrecer. A gente chega a beirar o desespero, fiz todas as dietas, da proteína, do tomate, da lua”, explica.

Os pacientes que desejam passar por acompanhamento precisam procurar a unidade de saúde de referência para que sejam realizados os encaminhamentos necessários.

“A chegada desses vídeos faz parte de um grande processo de modernização do hospital, que já vem sendo feito com a troca dos elevadores, cozinha reformada, entre tantas outras ações de revitalização do CHM”, afirma o superintendente da Atenção Hospitalar de Santo André, Victor Chiavegato.

“O paciente deve sempre procurar a unidade mais próxima da residência como referência. Lá ele será assistido, terá o diagnóstico nutricional e será acompanhado, além de ser inserido em grupo de obesidade. Se não surtir efeito na perda de peso, ele pode ser encaminhado para o ambulatório de especialidades ou núcleo de obesidade. Atualmente há 700 pacientes sendo acompanhados”, explica a médica endocrinologista Maria Carolina Pestana de Andrade do Nascimento.

LINHA DE CUIDADO

Lançado em 2019, o programa proporciona acompanhamento integral de pacientes que enfrentam a doença, unindo atenção básica, rede de urgência e emergência, atenção especializada e rede hospitalar.

A Linha de Cuidado toma conta desde o paciente com sobrepeso, até obesos de graus 1, 2 e 3. Nos casos de pacientes com obesidade mórbida é avaliada a possibilidade de fazer ou não a cirurgia. Com ambulatório especializado, o paciente terá acompanhamento de uma equipe multidisciplinar composta por endocrinologista, psicólogo, nutricionista, cirurgião bariátrico e plástico, além de equipe de enfermagem.

“A cirurgia bariátrica é o último recurso. Esse paciente precisa fazer um acompanhamento para saber se há contraindicação, além de ser um tempo muito importante para ele entender como ficará e desconstruir o estigma da obesidade. Já tivemos pacientes com mais de 200 quilos, que já perderam 70 quilos só em fazer acompanhamento clínico”, conclui a endocrinologista.