Chocolate causa espinhas! Mito ou Verdade?

Publicado em: 12/04/2017

Não há na literatura médica estudos que comprovem que o consumo de chocolate cause a acne – mais popularmente conhecida como espinha. Trata-se de um mito! Entretanto, é preciso lembrar que o chocolate é um alimento com alto teor de gordura, o que pode agravar erupções cutâneas dependendo da quantidade consumida e também da predisposição pessoal. Dessa forma, se o indivíduo perceber que o consumo de determinado alimento – como o próprio chocolate, amendoins, leite e derivados, por exemplo – está relacionado ao aumento de seu problema de pele – recomenda-se conversar com um dermatologista para que seja feita a correta avaliação do caso e, se necessária, a restrição alimentar.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates (ABICAB), Brasil é o 5º país que mais consome chocolate no mundo

De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (ABICAB), a Páscoa é considerada o período mais importante para o setor de chocolates. Em 2016, foram produzidas 14,3 mil toneladas de chocolate para a data, o equivalente a 58 milhões de ovos de Páscoa em todo o Brasil. A associação calcula que o brasileiro consuma 2,5 kg de chocolate ao ano, o que coloca o país como o 5º maior consumidor de chocolate do mundo.

Apesar de não ser o causador da acne, o chocolate é altamente calórico e deve ser consumido com moderação. “Quando combinado com amendoins e castanhas torna-se ainda mais gorduroso. Nesse sentido, o chocolate do tipo amargo é o mais recomendado, pois contém mais cacau e menos gordura e açúcares do que o tipo ao leite. Já o chocolate branco requer ainda mais atenção, pois geralmente não possui cacau na composição e é o mais gorduroso”, explica a professora da disciplina de Dermatologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Dra. Cristina Laczynski.

CRAVO OU ESPINHA?

Conforme definição da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), a acne é o nome dado aos cravos e espinhas resultantes de um processo inflamatório das glândulas sebáceas e dos folículos pilossebáceos. A espinha nada mais é do que a lesão inflamatória na pele causada por bactérias. Por sua vez, o cravo é o acúmulo de sebo nos poros, que pode ocorrer na forma de pontos pretos ou amarelos.

ATENÇÃO COM A PELE

A acne pode ocorrer por predisposição genética ou mesmo sem causas associadas. Alterações hormonais podem estar relacionadas à produção excessiva de sebo, principalmente no público adolescente, quando os hormônios sexuais estimulam as glândulas sebáceas. Flutuações hormonais também são comuns em mulheres, na gravidez, período menstrual e na menopausa. Outros fatores que podem levar ao aparecimento das espinhas são determinados medicamentos, problemas emocionais e o uso inadequado de produtos para a pele – nesse caso, a acne cosmética, desencadeada a partir de cremes hidratantes, maquiagens e demais produtos dermatológicos.

A professora da disciplina de Dermatologia da FMABC, Dra. Cristina Laczynski

A oleosidade produzida na pele – ou seja, o sebo – é importante para a proteção contra agentes externos, como os raios solares e infecções cutâneas, por exemplo. Entretanto, a produção de sebo em excesso pode favorecer o aparecimento da acne, em especial na região do rosto, ombro, peito, costas e braços.

“O início do tratamento da acne parte da identificação das causas do problema. A partir da avaliação dermatológica, a terapia é instituída. Pode ser apenas com orientações a respeito da higiene adequada da pele e sobre os produtos dermatológicos indicados para aquele caso específico. Outros pacientes têm indicação de medicamentos de uso tópico, como loções e sabonetes, ou por via oral, para situações mais graves, como os antibióticos”, detalha a professora de Dermatologia da FMABC, Dra. Cristina Laczynski, que completa: “Casos de acne severa ou que não respondem bem aos tratamentos mais leves têm como alternativa a Isotretinoína oral. É uma opção bastante eficaz contra a acne, mas que deve ser administrada com extrema cautela, indicação precisa e rigoroso acompanhamento médico”, alerta a médica.

Esses cuidados são necessários, tendo em vista a possibilidade de efeitos colaterais durante o tratamento e, principalmente, pela contraindicação completa da Isotretinoína para mulheres grávidas ou que estão tentando engravidar – devido ao elevado risco de deformidades no feto. Outros efeitos adversos conhecidos são alterações nos níveis de colesterol, triglicérides e nas enzimas hepáticas, assim como o ressecamento da pele e mucosas, em especial dos lábios.

Independentemente do tipo de tratamento, é fundamental que o paciente tenha o parecer de um dermatologista. “Hoje em dia são muitos os produtos que prometem ‘acabar’ com a acne de maneira rápida e simples, sendo que a maioria pode ser adquirida sem receita médica. Contudo, muitos desses sabonetes, cremes e loções podem piorar o problema quando utilizados de maneira incorreta ou se não estiverem alinhados à necessidade específica da pele do paciente. Por isso, antes de iniciar qualquer tipo de tratamento, busque orientação com o seu médico”, recomenda Laczynski.