Comissão de Extensão da FMABC apresenta resultados e ações do segundo semestre

Publicado em: 22/12/2014

A Comissão de Extensão da Faculdade de Medicina do ABC concluiu em dezembro relatório com as principais atividades desenvolvidas no segundo semestre de 2014. Mais conhecido como COMEX, o órgão da FMABC foi criado há 4 anos para coordenar e articular as diversas atividades na área de extensão, além de incentivar o desenvolvimento de projetos e buscar parcerias para viabilizar novos trabalhos.

Dentro de concepção contemporânea, a COMEX considera que a produção do conhecimento via extensão ocorre a partir da troca de saberes sistematizados, acadêmicos e populares, tendo como consequências a democratização do conhecimento, a participação efetiva da comunidade discente na atuação da universidade e a produção acadêmica resultante do confronto com a realidade.

Na última reunião de 2014 da Congregação Acadêmica da FMABC, em dezembro, a coordenadora da COMEX, Silmara Conchão, fez questão de agradecer todos os professores, alunos e extensionistas da instituição que participaram, organizaram e coordenaram atividades. “Foram dezenas de cursos, congressos e simpósios, além das ações realizadas pelas ligas acadêmicas, ONG Sorrir é Viver, IFMSA (International Federation of Medical Students Associations), Humanização em Pediatria, Integração Comunitária, diretórios e centros acadêmicos, entre outras entidades de representação discente. São iniciativas que agregaram valores imensuráveis na formação acadêmica dos alunos e fomentaram a agenda interdisciplinar na faculdade”, completa Silmara Conchão.

No relatório de atividades desenvolvidas no semestre estiveram o Projeto Viva, a campanha Outubro Rosa e o curso “Quem Ama Abraça – Fazendo Escola”, além do permanente combate ao trote violento, entre outras ações.

Projeto Viva 2014

Desenvolvido no período de 1º a 30 de setembro, o “Projeto Viva 2014 / Inquérito Sentinela em Serviços de Urgência e Emergência do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes” consistiu em iniciativa agregadora do Ministério da Saúde, desenvolvida pela Prefeitura de Santo André em parceria com a Comissão de Extensão da FMABC.

No Brasil, as bases de dados oficiais permitem o monitoramento da mortalidade e de internações no Sistema Único de Saúde (SUS), decorrentes de violências e acidentes. No entanto, é necessário conhecer a magnitude e o perfil dessas causas, bem como identificar problemas ocultos – como a violência doméstica e sexual.

Dessa forma, o objetivo central da pesquisa foi caracterizar as vítimas de violências e acidentes atendidas em serviços sentinelas de urgência e emergência do Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes (VIVA) em Serviço Sentinela, bem como caracterizar os autores da agressão e descrever os principais tipos de violências e acidentes atendidos nesses serviços de saúde.

Acadêmicos de Enfermagem, Nutrição e Fisioterapia participaram como entrevistadores para o diagnóstico dos acidentes e violências, com atuação junto aos usuários do Pronto Atendimento Vila Luzita e do Centro Hospitalar Municipal de Santo André.

Outubro Rosa

A COMEX-FMABC também esteve engajada no Outubro Rosa – campanha de orientação e prevenção do câncer de mama. O trabalho foi realizado em parceria com a ONG Viva Melhor e com o Instituto Avon no dia 18 de outubro, na Vila de Paranapiacaba, como parte das atividades desenvolvidas durante todo o mês pela Prefeitura de Santo André.

Entre as ações realizadas constaram palestras e apresentação de relatos de mulheres que enfrentaram e venceram o câncer de mama, além de brincadeiras lúdicas com as crianças da região, visando a prevenção de acidentes frequentes nessa etapa do desenvolvimento.

Alunos de Gestão em Saúde Ambiental, Nutrição, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Enfermagem e Farmácia estiveram envolvidos nos trabalhos.

“Quem Ama Abraça – Fazendo Escola”

Ação agregadora realizada de 13 de agosto a 25 de novembro, o curso “Quem Ama Abraça – Fazendo Escola” foi desenvolvido pela Prefeitura de Santo André, representada pela Secretaria de Políticas para Mulheres e Secretaria de Educação, em parceria com a Comissão de Extensão da FMABC e a ONG PROLEG – Promotoras Legais Populares de Santo André. A partir do trabalho foi possível formar total de 97 mulheres da rede municipal de ensino.

“O objetivo principal do curso foi fortalecer o espaço escolar como campo privilegiado para reflexão e superação das diferentes formas de violência contra a mulher, simbólicas ou explícitas, presentes no cotidiano das crianças, jovens e adultos”, explica a secretária de Políticas para Mulheres de Santo André e coordenadora da COMEX-FMABC, Silmara Conchão.

A iniciativa também visou formar multiplicadores do movimento “Quem Ama Abraça” em toda a rede de ensino e tornar a escola espaço e instrumento de enfrentamento à violência para as crianças que se veem exposta no ambiente familiar.

“Bulindo” com a Universidade: Um estudo sobre o trote na Medicina

A partir da ampla divulgação da mídia sobre as denúncias de abusos na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, a COMEX considera necessário – e urgente – fomentar disciplinas que pautem direitos humanos no ensino superior, promovendo o enfrentamento à homofobia, ao racismo e ao machismo. “Machistas, sexistas e homofóbicos estão em todas as classes sociais perpetrando as desigualdades. Em 2012 lancei um livro, juntamente com os professores Marco Akerman e Roberta Cristina Boaretto, e 13 alunos da FMABC, pelo qual consideramos o trote um fenômeno social, cultural e histórico, não específico de uma carreira e muito menos de uma universidade. Na publicação, batizada ‘Bulindo’ com a Universidade – Um estudo sobre o trote na Medicina, já destacávamos que o curso de Medicina tem despontado ao longo dos anos como um dos mais agressivos”, alerta a professora da FMABC e uma das autoras do livro, Silmara Conchão.

Na FMABC, diversas iniciativas foram tomadas pela Diretoria a partir de 2010 com intuito de coibir o trote. “Construímos novas formas de sociabilidade para receber os alunos ingressantes, buscamos regular e controlar. Punimos e nos indignamos ao entrar nesse mundo do trote tradicional. Impusemos a lei e mostramos que o que estava acontecendo era mais do que errado. Era crime”, afirma Conchão.

Para a docente, a cultura de paz é uma das formas de manter os centros acadêmicos afastados da “cultura do trote”. “Chegará o dia em que perceberemos que somos todos iguais nos direitos. No entanto, enquanto esse dia não chega, estaremos de olhos bem abertos”, garante a coordenadora da COMEX-FMABC.