Dia contra Parkinson ressalta importância do diagnóstico precoce

Publicado em: 11/04/2014

Celebrada mundialmente em 11 de abril, data reforça orientações para que pacientes e familiares suspeitem da doença e busquem ajuda profissional

Comemorado mundialmente em 11 de abril, o Dia Internacional da Doença de Parkinson busca divulgar informações e orientar a população sobre os principais sinais da doença visando ao diagnóstico precoce. Entre os principais indícios que sugerem o problema estão tremores, lentidão progressiva dos movimentos e rigidez muscular. Conhecendo os sintomas, pacientes e familiares podem levantar suspeita e procurar ajuda profissional mais cedo.

A doença de Parkinson é uma enfermidade neurodegenerativa de evolução lenta e progressiva, com grande incidência na população idosa: são cerca de 100 a 150 casos para 100 mil pessoas. Acomete ambos os sexos, diferentes classes sociais e raças. O início da doença ocorre geralmente ao redor dos 60 anos de idade, com perda progressiva de células nervosas (neurônios) na região do cérebro conhecida como mesencéfalo. “A degeneração desses neurônios resulta na diminuição da produção de dopamina, que é um neurotransmissor importante no controle dos movimentos corporais. A deficiência dessa substância ocasiona comprometimento de movimentos automáticos como andar e falar, por exemplo”, detalha a professora de Neurologia e coordenadora do Ambulatório de Distúrbios de Movimento da Faculdade de Medicina do ABC, Dra. Margarete de Jesus Carvalho.

A causa da doença ainda é desconhecida, mas fatores genéticos, tóxicos e ambientais podem estar envolvidos. O diagnóstico é clínico, por meio da história do paciente e de avaliação neurológica. Casos duvidosos são encaminhados para exames subsidiários como tomografia computadorizada, ressonância magnética e exames laboratoriais. “O Dia Internacional da Doença de Parkinson objetiva alertar principalmente a população com a doença ou com suspeita, que ainda não realiza acompanhamento neurológico”, destaca Dra. Margarete de Jesus Carvalho.

Diferentemente da doença de Alzheimer, pacientes com Parkinson não têm afetadas a memória e a capacidade intelectual na fase inicial.

 

Diagnóstico e tratamento

Os principais sintomas e sinais da doença são tremor em repouso, rigidez muscular, diminuição e lentificação dos movimentos, dificuldade para falar e engolir, diminuição do volume da voz (voz baixa), diminuição da percepção de cheiros e odores, distúrbio do sono, depressão, apatia, desânimo, diminuição da expressão facial, dificuldade para andar e diminuição do balançar dos braços ao caminhar, obstipação intestinal, pele mais oleosa, desequilíbrio que ocasiona quedas e, em alguns casos, dermatite seborreica e câimbras.

Apesar de não haver cura, existem tratamentos que visam a combater os sintomas da doença. Medicamentos e cirurgias fazem parte do arsenal terapêutico, assim como sessões de fisioterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia e, em alguns casos, de psicologia. “As propostas terapêuticas buscam minimizar os sintomas clínicos decorrentes do déficit de dopamina no sistema nervoso central. Drogas agonistas dopaminérgicas, anticolinérgicos, biperideno, inibidores enzimáticos e levodopaterapia são opções para o tratamento, assim como o acompanhamento multidisciplinar e, quando necessário, procedimento cirúrgico. Vale ressaltar que as medicações são fornecidas gratuitamente pela rede pública de saúde e que o tratamento cirúrgico é paliativo, realizado somente em alguns casos, sempre com objetivo de amenizar os sintomas”, observa Dra. Margarete.

 

Marca-passo cerebral

O tratamento cirúrgico para doença de Parkinson é indicado para grupo específico de pacientes, criteriosamente selecionados após avaliação neurológica e neuropsicológica. “O procedimento não está indicado a todos os pacientes. O intuito é amenizar os sintomas a partir da colocação de um marca-passo cerebral, o DBS (Deep Brain Stimulation), que modula as áreas responsáveis pelos movimentos”, detalha a professora de Neurologia da FMABC.

Com diagnóstico de doença de Parkinson há cerca de 6 anos, Antonio Trivellato está entre os beneficiados pela cirurgia. O paciente passou pelo procedimento em setembro de 2013 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC-FMUSP). “Eu já não conseguia mais andar, pois perdi a condição de articular os passos. Não fazia mais nada”, recorda Antonio Trivellato, que voltou a andar ainda no hospital, durante o pós-operatório: “Meu filho tomou um susto quando levantei de repente e fui até o banheiro. Eu pulava igual criança de tanta alegria”.

O marca-passo DBS foi fixado internamente no peito do paciente, com fios subcutâneos e eletrodos que vão até o cérebro. A esposa de Antonio, Sila Trivellato, destaca a importância da divulgação dos tratamentos para melhora da qualidade de vida dos pacientes com a doença. “Meu marido foi diagnosticado com Parkinson há 6 anos, mas há 12 anos já lutamos contra o problema, que era tratado pelos médicos como insônia. Ultimamente ele não andava mais e a cirurgia foi fundamental”, afirma Sila, que completa: “Temos prazer em falar sobre o tratamento e divulgar o máximo possível a doença de Parkinson. É uma maneira de oferecer qualidade de vida melhor para quem, infelizmente, foi acometido por essa enfermidade”.