Publicado em: 15/02/2017
Considerada pela Escola Paulista de Medicina uma das equipes multidisciplinares com melhor desempenho na captação de órgãos no Estado de São Paulo, profissionais do Complexo Hospitalar Irmã Dulce de Praia Grande ministraram palestra sobre o tema na Santa Casa de Santos. Organizada pela Secretaria de Saúde de Santos, a atividade em 14 de fevereiro reuniu médicos, profissionais de Enfermagem, de Assistência Social e psicólogos. Aspectos da morte encefálica – condição para a retirada de órgãos – foram explanados na ocasião.
A morte encefálica e a avaliação do potencial doador de órgãos foram abordadas pelo diretor clínico do Irmã Dulce, o clínico geral Dr. Renato Luís Borba, que destacou a importância do olhar atento às condições adequadas para a captação. “Além das condições ideais que favoreçam a identificação de potenciais doadores, é preciso haver uma equipe multidisciplinar qualificada. A demora no diagnóstico da morte encefálica pode levar à perda destes pacientes”, ressaltou.
Os aspectos para a confirmação da morte encefálica e o diagnóstico clínico para identificação da falta de funções vitais do cérebro foram apresentados pela médica intensivista responsável pela UTI Adulto do Complexo Hospitalar, Dra. Daniela Boni. Entre os testes clínicos empregados para constatação da morte encefálica, a médica mencionou os exames para obtenção de reflexos nos olhos do paciente, que visam detectar reação à luz, além de outros estímulos.
AUTORIZAÇÃO DA FAMÍLIA
A fase seguinte à conclusão de morte encefálica é a obtenção de autorização da família para a captação de órgãos – assunto exposto pela coordenadora de Enfermagem da UTI Adulto do Irmã Dulce, Maria Eliza Prado Monteiro.
Conforme a enfermeira, essa decisão ocorre mediante consenso na família. “Para isso, todos passam por entrevista para confirmar ou não o protocolo de doação. Nesta etapa, precisamos dizer aos familiares o que é exatamente a morte encefálica. Falar como é um cérebro que não é mais irrigado, que não tem mais fluxo sanguíneo, ou seja, a morte encefálica, o óbito de fato. A família precisa entender isso de forma objetiva, porém, de maneira digna e acolhedora, para que possa concluir que a única coisa a fazer é permitir que os órgãos do paciente possam salvar pessoas que estão fila de espera”, salientou.
Na palestra, também foi ressaltado que para ser doador não é mais preciso registrar a vontade em cartório e tampouco mencioná-la em documentos pessoais, como ocorria anos atrás, bastando, para isso, deixar a família ciente desta decisão.
Um doador pode beneficiar mais de 12 pessoas com os seguintes órgãos: córneas, coração, pulmões, rins, fígado, pâncreas, ossos, pele e artérias.
NÚMEROS POSITIVOS
Os resultados positivos obtidos pela equipe de Praia Grande nessa área levaram a chefe de Seção de Captação e Transporte de Órgãos e Tecidos para Transplante de Santos, a psicóloga Roseane Cordeiro, a organizar a palestra. “Tivemos um caso de morte encefálica na UPA Central e percebemos que houve dúvidas para o procedimento. Então decidimos buscar informações com profissionais experientes, como é caso das equipes do Irmã Dulce”, disse.
No Hospital Municipal, a intensificação na identificação de possíveis doadores em morte encefálica teve início em 2010, quando profissionais passaram por capacitação específica para a notificação e captação de doadores de órgãos e tecidos. Assistente técnica da Unidade de Terapia Intensiva Adulto e presidente da Comissão Intrahospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante do Hospital Irmã Dulce, a médica Dra. Maria Odila Gomes Douglas pretende promover novas capacitações sobre o serviço este ano.