Especialista reforça importância da informação na Esclerose Múltipla

Publicado em: 28/05/2021

No Dia Mundial da Esclerose Múltipla, este ano celebrado em 26 de maio, neurologista da FMABC estimula conscientização coletiva sobre a doença

 

A neurologista e coordenadora do Ambulatório de Esclerose Múltipla da FMABC, Dra. Margarete de Jesus Carvalho

Considerada a doença neurológica mais prevalente entre jovens na Europa e na América do Norte, a esclerose múltipla (EM) atinge aproximadamente de 2 a 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo. No Dia Mundial da Esclerose Múltipla, este ano lembrado em 26 de maio – a celebração é realizada toda última quarta-feira do mês de maio – é preciso ressaltar a importância da divulgação de informações sobre a doença, em prol da conscientização coletiva. Dar voz a quem tem experiência é um dos primeiros passos para torná-la mais conhecida pela população. De acordo com a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), há 40 mil brasileiros com a doença no País.

O tema para o Dia Mundial da EM de 2020-2022 é: “Conexões”. A campanha Conexões EM centra-se em desenvolver conexões à comunidade, conexão com o próprio e conexões a cuidados de qualidade. O mote da campanha é “Eu conecto-me, nós conectamo-nos. A iniciativa desafia as barreiras sociais que deixam as pessoas acometidas pela EM a sentirem-se sozinhas e socialmente isoladas. É uma oportunidade para defender melhores serviços, celebrar redes de apoio e defender o autocuidado.

“O tratamento da doença depende de uma rede de apoio e cuidado, principalmente focada no tratamento multiprofissional. O objetivo é garantir qualidade de vida ao paciente, com rotina de exercícios, descanso, alimentação saudável, além de evitar situações de estresse. Ao divulgar essas informações, conseguimos ajudar a quebrar ‘tabus’ e preconceitos sobre a doença. Pois quanto menor a incidência de sequelas, maior autonomia o paciente terá”, explica a neurologista e coordenadora do Ambulatório de Esclerose Múltipla do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Dra. Margarete de Jesus Carvalho.

A etiologia da Esclerose Múltipla, até o momento, é desconhecida. A doença não tem cura e pode se manifestar por diversos sintomas, como por exemplo: fadiga intensa, perda de sensibilidade, fraqueza muscular, alteração do equilíbrio, da coordenação motora, dores articulares, disfunção intestinal e da bexiga.

A doença acomete com maior frequência o público feminino, na proporção de 2 mulheres para cada homem. O problema tem maior prevalência em adultos entre 20 e 40 anos, raramente atingindo crianças e idosos. Segundo o Ministério da Saúde, a prevalência média da doença no Brasil é de 8,69 para cada 100 mil habitantes.

CARACTERÍSTICAS

A EM é uma doença inflamatória crônica que afeta o sistema nervoso central. Assim como lúpus, é uma doença autoimune, caracterizada quando o sistema imunológico deixa de reconhecer o organismo e passa a combater não apenas inimigos, como bactérias e vírus, mas também tecidos e células saudáveis. Na esclerose múltipla, o sistema imunológico agride a bainha de mielina – camada que envolve estruturas dos neurônios denominadas axônios. Quando ocorre a lesão inflamatória da bainha de mielina do axônio, temos o chamado surto, cujos sintomas duram pelo menos 24 horas.

“A doença acomete diferentes partes do cérebro e da medula espinhal. A ocorrência dos surtos é imprevisível. Entre os principais sintomas estão visão dupla ou perda súbita da visão, fadiga, tontura, perda total ou parcial da força muscular, tremores, falta de coordenação motora, dificuldade para andar, alterações de fala, de memória e de sensibilidade. Por isso, o tratamento multiprofissional é determinante em todo o processo. Além do acompanhamento com neurologista, o tratamento deve ser multidisciplinar, com apoio de áreas como fisioterapia, terapia ocupacional, psicologia, fonoaudiologia, nutrição e outras especialidades médicas como urologia, psiquiatria e fisiatria”, reforça a neurologista e coordenadora do Ambulatório de Esclerose Múltipla da FMABC, Dra. Margarete de Jesus Carvalho.

Apesar de não ter cura, o tratamento medicamentoso é bastante eficaz. Os objetivos são reduzir o número e a gravidade dos surtos, assim como a quantidade e a dimensão das lesões, bem como retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.

CAMPANHA MUNDIAL

Em 2009, a Multiple Sclerosis International Federation (MSIF), ou Federação Internacional da Esclerose Múltipla, junto aos seus membros, organizaram o primeiro Dia Mundial da Esclerose Múltipla. Cada campanha é desenvolvida pela MS International Federation e por um grupo de trabalho global, com representantes em países como Índia, Tunísia, Irlanda, Argentina, Eslováquia, Espanha, Reino Unido, Grécia, Austrália e EUA. No Brasil, o Dia Nacional de Conscientização Sobre a Esclerose Múltipla é celebrado anualmente em 30 de agosto.