Publicado em: 23/10/2015
A parceria pioneira entre Faculdade de Medicina do ABC e Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Governo Federal, acaba de contabilizar números impressionantes. As instituições desenvolveram novo método – mais simples e mais barato – para determinar o teor total de polifenois em espécies vegetais, ou seja, o potencial de benefícios dessas plantas à saúde. O estudo, que ganhou destaque na capa da edição de dezembro de 2013 do periódico científico internacional “Advances in Biological Chemistry”, acaba de atingir mais de 6,5 mil visualizações na internet e 2,5 mil downloads. O volume de acessos e a grande repercussão do trabalho levou a editora a procurar o professor titular de Química Analítica, Dr. Horacio Dorigan Moya, para convidá-lo a integrar o corpo editorial da revista.
O novo processo de quantificação de polifenois baseia-se em reação química ainda não utilizada para essa finalidade, testada com sucesso em 20 espécies – algumas nativas da Amazônia. A pesquisa é o resultado do projeto de iniciação científica da aluna Mônica Gabriela do Santo, hoje no 5º ano do curso de Farmácia da FMABC, e fruto de estágio realizado pelo Dr. Horacio Moya em setembro de 2011 no INPA. O estudo também conta com colaboração da Dra. Cecilia Veronica Nunez, professora do Laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia da COTI-INPA (Coordenação de Tecnologia e Inovação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).
Batizado “A new method for quantification of total polyphenol content in medicinal plants based on the reduction of Fe(III)/1,10-phenanthroline complexes”, o trabalho está disponível gratuitamente no link http://www.scirp.org/journal/abc, do periódico Advances in Biological Chemistry (vol. 3, número 6, páginas 525-535). Trata-se de revista publicada pela Scientific Research Publishing – editora internacional dedicada a várias disciplinas nas áreas de ciência, tecnologia e medicina.
TEOR DE POLIFENOIS
Os extratos vegetais são ricos em antioxidantes como carotenos, fitoestrogênios e polifenois. São compostos capazes de remover radicais livres do organismo, que em excesso podem atacar células normais e gerar danos em biomoléculas como proteínas e DNA, ocasionando determinados tipos de câncer, doenças cardiovasculares e patologias relacionadas ao envelhecimento. Devido à complexidade e à diversidade dos compostos presentes nos vegetais, normalmente determina-se o teor total de polifenois. “Os polifenois são substâncias benéficas ao sistema cardiovascular devido a ações antioxidantes, antimicrobianas, anti-inflamatórias e até mesmo antitumorais. Como regra geral, quanto maior a quantidade de polifenois nos alimentos, maiores os benefícios que podem trazer à saúde”, explica Dr. Horacio Dorigan Moya.
Inicialmente os testes com o novo método da FMABC contemplaram plantas que já constam da Farmacopeia Brasileira (tipo de manual geral de orientação), como hamamelis, barbatimão, espinheira santa e carqueja. A segunda etapa incluiu espécies de uso comum na medicina popular, entre as quais graviola, guaçatonga, aroeira, gervão, tanchagem, andiroba e porangaba. A última fase do trabalho consistiu no estudo de espécies características da região norte do país, como escada de jabuti, canarana, cumaru, pau pereira, salva de Marajó, sucuúba, jatobá, miraruira e lacre – essa última com muito poucas pesquisas disponíveis na literatura internacional.