Publicado em: 28/01/2013
A Faculdade de Medicina da Fundação do ABC está testando com resultados promissores (rejeição zero) as mais novas gerações no mundo em próteses de quadril, compostas de materiais de alta durabilidade como cerâmica e metal. Mais de uma centena de pacientes da rede pública da região atendidos nos hospitais-escola da FMABC já receberam esses implantes, considerados de qualidade bastante superior em relação à tradicional prótese com superfície de metal-polietileno (plástico). O benefício está sendo possível pela parceria entre o Grupo de Quadril da Disciplina de Ortopedia da faculdade e a fabricante Johnson (DePuy-Synthes).
No caso do modelo mais recente – cabeça do fêmur em cerâmica e superfície no osso do acetábulo em metal — a Medicina ABC representa o segundo centro de pesquisa no Brasil a trabalhar com o produto. O modelo foi aprovado em 2011 pelo FDA, órgão que regulamenta a saúde nos Estados Unidos, e está sendo acompanhado no país apenas na FMABC e no Hospital Santa Marcelina, na Capital.
Já nas próteses de superfície metal-metal e cerâmica-cerâmica – que unem o fêmur e o acetábulo com materiais iguais – a FMABC é um dos quatro centros públicos de desenvolvimento e pesquisa autorizados no Brasil, ao lado do Hospital das Clínicas de São Paulo, Hospital Universitário Cajuru de Curitiba, Hospital São Paulo e Santa Casa de São Paulo. O estudo de superfícies metal-metal, no entanto, é exclusivo da FMABC.
Mais vida útil
“São próteses que garantem mais qualidade de vida ao paciente devido ao menor desgaste. Podem durar de 20 a 30 anos, enquanto a vida útil de uma prótese com superfície de polietileno é de aproximadamente 10 anos” – descreve Dr. Cleber Furlan, médico assistente do Grupo do Quadril da FMABC e especialista pela SBQ (Sociedade Brasileira de Quadril). A durabilidade do produto, porém, tem um custo: as próteses com superfície em metal e cerâmica chegam a custar quatro vezes mais que as confeccionadas em plástico, por isso são pouco adotadas na rede pública e mesmo em cirurgias particulares.
“O problema de um implante no quadril é o desgaste que se faz na superfície entre o fêmur e o acetábulo para encaixar a prótese. Quanto menor a vida útil dessa prótese, mais necessárias são suas revisões ou trocas. E no Brasil temos dificuldades em banco de ossos para recompor o órgão desgastado” – explica Dr. Cleber, ressaltando a importância do avanço tecnológico na qualidade das novas gerações de superfície de próteses em relação às de plástico com metal.
Os modelos com cerâmica e metal são adotados há cerca de dois anos em pacientes atendidos nos hospitais Anchieta, em São Bernardo, Mário Covas e Centro Hospitalar Municipal, em Santo André. Há acompanhamento trimestral e até agora nenhuma rejeição – em artroplastias totais do quadril pode haver casos de soltura da prótese ou formação de partículas com o atrito entre as extremidades encaixadas no fêmur e no acetábulo.
De qualquer forma, segundo explica Dr. Cleber, alguns pré-requisitos são avaliados numa cirurgia, como custo do produto, idade do paciente e expectativa de vida. Próteses metal-metal, por exemplo, são indicadas para quadris de jovens, homens e com demanda esportiva. Não são recomendadas para mulheres em idade gestacional, em pacientes com insuficiência renal crônica ou com histórico de alergia a metais (prata, cobre e zinco). Portador de prótese de quadril não deve ser estimulado a atividades esportivas competitivas, pois reduz o tempo de vida do dispositivo.