Fundação do ABC promove Roda de Conversa com “Mulheres que fazem a diferença”

Publicado em: 24/03/2023

Promotora de justiça, médicas e presidente de ONG participaram de evento em homenagem às mulheres

 

Em comemoração ao Mês da Mulher, a Fundação do ABC organizou em 23 de março o evento “Roda de Conversa – Mulheres que fazem a diferença”. Destinada exclusivamente ao público feminino, a atividade ocorreu no Anfiteatro David Uip, no campus do Centro Universitário Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em Santo André.

Atualmente, 75% do quadro de funcionários da Fundação do ABC é formado por mulheres, o que corresponde a um universo de 18 mil funcionárias entre mais de 25 mil colaboradores. O objetivo da iniciativa foi criar um espaço plural de discussões sobre a representatividade feminina, com a contribuição de mulheres com diferentes origens, histórias, profissões, lutas e propósitos. Foram abordados temas como assédios, violência doméstica, direitos das mulheres, feminismo, diversidade, inclusão, combate ao racismo e discriminação de gênero.

A mediação da Roda de Conversa esteve sob responsabilidade da Dra. Maria Odila Gomes Douglas, idealizadora da atividade, atual vice-presidente da FUABC e professora do Centro Universitário FMABC. O bate-papo também contou com outras duas docentes da FMABC: Dra. Vânia Barbosa do Nascimento, Pró-Reitora de Extensão e professora titular de Saúde Coletiva; e Dra. Roseli Oselka Saccardo Sarni, Pró-Reitora de Graduação e professora titular de Clínica Pediátrica.

Representando o Ministério Público do Estado de São Paulo esteve a Dra. Estefânia Ferrazzini Paulin, promotora de justiça da Promotoria de Enfrentamento à Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher da Capital. Na Vara da Violência Doméstica, a convidada executa o Projeto Acolher, para instrução, acolhimento e empoderamento das vítimas. Também participa de palestras e rodas de conversa com as redes de atendimento municipais, ONGs, associações e escolas estaduais do Ensino Médio, além de ser uma das criadoras da chamada “Promotoria Comunitária”, responsável por levar atendimento a populações que se encontram distantes do Fórum.

Primeira mulher transsexual conselheira titular da Saúde e da Assistência em Santo André, Rakyllayne Rios também marcou presença no evento da FUABC. A convidada é presidente da ONG Instituto Lar da Dona Cláudia, vice-presidente da ONG Transformação – Transformando Vidas, e vice-presidente da União das ONGs do ABCD.

Para fechar a Roda de Conversa, compareceu à atividade a funcionária mais antiga entre os mais de 25.000 colaboradores da Fundação do ABC. Sonia Maria Sulpino Henriques Loureiro, atualmente no Núcleo de Documentação da FMABC, compartilhou sua experiência de vida e a carreira profissional, iniciada na FUABC há 52 anos, em 1971.

Também deram seus depoimentos no evento a diretora técnica do Centro Hospitalar do Sistema Penitenciário (CHSP), Dra. Tatiana Ramos Malavasi Sales; Terezinha Sena, do grupo Mulher como Unidade; a fundadora do projeto social Conversa de Mulher, Carolina Aguiar; e a Diretora de Departamento da Prefeitura de Santo André, Regina Celia César.

MÊS DA MULHER

Ao longo de todo o mês, a Fundação do ABC e suas unidades têm buscado valorizar e homenagear suas colaboradoras, desenvolvendo diversas atividades pelo Mês da Mulher. Campanhas de saúde, consultas, exames, palestras, atividades de bem-estar, oficinas de automaquiagem, entre outras ações, integram a agenda comemorativa.

No auditório da Central de Convênios (CC), na sede administrativa da FUABC, em Santo André, funcionárias participaram de uma ação com consultoras de beleza da Mary Kay no dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Ao todo, 47 colaboradoras da Mantenedora e da CC participaram de sessões de automaquiagem, ganharam botões de rosas e fotos temáticas sobre o evento. Já no dia 24 de março foi oferecido o tradicional café da manhã do mês como mais uma forma de integração.

Maria Odila Gomes Douglas

Vice-presidente da FUABC e professora da FMABC

“Foi um evento enriquecedor. Com mulheres fortes e cheias de representatividade. Nosso objetivo foi trazer convidadas que transmitissem experiências, que enfrentam dificuldades e que pudessem compartilhá-las com todas, para que nos fortalecêssemos.  Às vezes nem percebemos, mas a violência contra a mulher existe em situações ‘pequenas’. E devemos aprender a identificá-las desde a origem, pois transferimos para nós muitas culpas que não são nossas. Precisamos nos unir. Por isso, a importância de debates tão engrandecedores como o que propomos hoje.”

 

Roseli Oselka Saccardo Sarni

Pró-Reitora de Graduação e professora da FMABC

“Estou à frente de uma função pedagógica e administrativa. Mas lidamos com uma dificuldade real. Muitas vezes as nossas lideranças ou chefias são exercidas por homens. Nós, mulheres, ainda não chegamos ao ápice de muitas lideranças. Fazemos um esforço velado e diário, mas ainda nos deparamos com muito preconceito. Quando chegamos a um cargo de gestão, muitos se questionam se temos equilíbrio e capacidade para estar onde estamos. E quando chegamos lá, como somos vistas? Enquanto mulheres, como podemos nos fortalecer para trabalharmos dificuldades e pontos frágeis? Fica a provocação”.

 

Vânia Barbosa do Nascimento

Pró-Reitora de Extensão e professora da FMABC

“Quando falamos que o machismo é estrutural significa que aprendemos a conviver com aquilo e acharmos normal. Somos muito violentadas nas nossas profissões. Meus pais me ensinaram que tínhamos que resistir e combater o machismo lá fora. E que devíamos nos fortalecer, pois o mundo é cruel com as mulheres. Para muitos homens somos ajudantes, porque eles aprenderam assim. Foram educados desta forma. Por isso, temos um compromisso gigantesco de educarmos os nossos filhos forma diferente. Hoje, felizmente, entendo que vivemos um novo momento. Com muita dificuldade, mas estamos conseguindo vocalizar e nos organizar enquanto mulheres para agirmos e nos posicionarmos de outra forma. Nós somos e sempre seremos a resistência”.

 

Estefânia Ferrazzini Paulin

Promotora de Justiça do Ministério Público do Estado de São Paulo

“A mulher já acorda quebrando tabus. Como promotora de justiça, já sofri ‘cantadas’ de promotores e juízes. Nestas ocasiões produzimos cicatrizes, mas aprendemos a nos posicionar. Por isso, vim trabalhar na área de violência doméstica, para buscarmos o empoderamento feminino. Não queremos mais direitos que os homens. Temos os mesmos perante a Constituição. Todos os dias, quando acordamos, nossos estereótipos femininos estão à frente de nós. E diariamente temos que lutar para que os nossos direitos, que existem, prevaleçam. O que precisamos? Concretizá-los. Ainda temos muito a conquistar, mas direitos nós já temos. Devemos ter consciência de que temos todos os direitos à nossa disposição. E limite para os outros, somos nós que impomos. E estamos conseguindo.”

 

Rakyllayne Rios

Conselheira titular da Saúde e da Assistência em Santo André

“Agradeço pelo meu corpo travesti poder ter um lugar à mesa com mulheres tão fortes e inspiradoras. Muitas como eu já morreram para que, hoje, eu pudesse estar aqui e ocupar este lugar de fala. Vi muitas mulheres transsexuais morrerem em hospitais porque médicos tinham nojo de encostar nelas. De darem diagnósticos sem saber quem somos nós e a nossa história. É uma violência muito grande. Por isso hoje eu luto pelo SUS e acredito no SUS, por uma saúde com mais respeito e inclusão”.

 

 

Sonia Maria Sulpino Henriques Loureiro

Funcionária mais antiga da FUABC (desde 1971)

“Trabalho há 50 anos com pessoas, sendo a maioria mulheres. Não poderia deixar de aceitar o convite de participar de um evento tão especial. Quando cheguei na FMABC, só tinha um prédio e alguns professores. Para mim, é um privilégio e uma emoção muito grande ver essa instituição crescer. Agradeço a todos por todo o carinho que já recebi nesta casa.”