Publicado em: 12/06/2015
Visitar uma pessoa enferma é, em geral, uma conduta comum para quem possui um parente ou ente querido hospitalizado ou que se convalesce no próprio lar. Considerando dificuldades como falta de tempo para permanecer alguns minutos ao lado de um leito, o hábito de levar alento a um doente, ainda que a algum desconhecido, pode ser considerada uma atitude nobre. Quem consegue sair de sua situação de conforto, de um dia de folga, por exemplo, para se juntar a um grupo e alegrar, fazer sorrir e encantar crianças e adultos acamados?
No Hospital Municipal Irmã Dulce, toda semana voluntários de todas as idades dedicam tempo valioso à pratica de alguma atividade voltada ao entretenimento de quem passa horas, dias ou meses lutando contra os incômodos de suas dores e da monotonia. Integrantes do Grupo Feliz fazem de tudo um pouco, desde aulas de artesanato à auxílio aos profissionais de saúde. O Arco-Íris, formado em sua maioria por jovens, leva arte e alegria especialmente a este público, assim como a Pet Terapia, cujos animais da ONG Cão Amor animam os pacientes com simpatia e carinho espontâneos.
Há ainda o trabalho voluntário desenvolvido por cristãos de diferentes denominações, entre eles donas de casa e aposentados que se transformam em “cantores”, entoando hinos religiosos ou mesmo canções populares nos corredores do hospital. É o caso da aposentada Vera Lucia da Silva, que pertence ao Grupo Musical Nova Era, entidade espiritualista que até pouco tempo contava com o acompanhamento de um tecladista, Marco Rolim, coordenador da equipe. “Infelizmente, tivemos nosso teclado furtado e não temos mais este acompanhamento em nossas apresentações. Mesmo assim, eu e minhas amigas não deixamos de realizar o trabalho, agora só com um aparelho de som”, disse.
Para a dona de casa Roseli Lourdes de Souza, que acompanha a mãe internada, as músicas levam harmonia ao ambiente. “Para nós que vivemos estes momentos difíceis ao lado de nossos entes queridos, este som nos traz paz e acalma. Gosto muito”, comentou.
Kenia Beatriz Vieira também é uma dona de casa. Porém, há meses está distante do ambiente doméstico, desde que se internou para tratamento de uma enfermidade. “A gente fica aqui sem poder viver a rotina normal em nossas casas. O carinho dessas pessoas acaba melhorando nosso astral e a gente se sente um pouco mais confortável”.
Segundo a presidente da Comissão de Humanização do Irmã Dulce, Josefa Carlos Cavalcante, o grupo se apresenta nas unidades de clínica médica e cirúrgica e de Terapia Intensiva (UTI) Adulto, além da Pediatria e na Brinquedoteca, para pais e acompanhantes das crianças internadas. “Essa atividade também traz benefícios para a própria equipe de trabalho e todos se envolvem nesse clima de amor e acolhimento”, ressalta.
O respeito às religiões individuais de pacientes e trabalhadores é preservado durante as apresentações, de modo que o uso da sonoridade explore a peculiaridade da música de agradar por sua linguagem universal.