Grupo de Caraguatatuba conhece trabalho da FMABC em aprendizagem

Publicado em: 06/05/2013

Núcleo Especializado em Aprendizagem é referência nacional no atendimento interdisciplinar das dificuldades escolares

O Núcleo Especializado em Aprendizagem da Faculdade de Medicina do ABC (NEA-FMABC) recebeu na última semana expedição com profissionais do Setor de Comunicação Inclusiva de Caraguatatuba, no Litoral Norte paulista. A visita teve caráter de estágio, cujo principal objetivo foi conhecer o trabalho interdisciplinar e pioneiro desenvolvido pelo NEA, em que a equipe analisa e debate os casos em conjunto. As avaliações e diagnósticos são discutidos entre médicos (neuropediatras e psiquiatras infantis), neuropsicólogos, psicólogos, psicopedagogos e fonoaudiólogos. A partir dos resultados, muitas crianças são encaminhadas para seguimento em terapias especializadas, além de suporte nas escolas por profissionais como terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, psicólogos e especialistas em autismo e deficiência auditiva.

A caravana passou a manhã de 3 de maio acompanhando o trabalho assistencial desenvolvido pelo NEA-FMABC no Centro de Atendimento Educacional Multidisciplinar (CAEM) de Santo André. À tarde, a equipe interdisciplinar da Medicina ABC se reuniu no campus universitário para apresentar em detalhes o funcionamento do Núcleo no Grande ABC e conhecer a realidade do serviço em Caraguatatuba.

Segundo a fonoaudióloga de Caraguatatuba, Carla Freire, hoje o município trabalha com 20 profissionais na Comunicação Inclusiva divididos nas áreas de fonoaudiologia, psicologia, terapia ocupacional e assistente social. A cidade conta também com uma unidade do Crie – Centro de Referência para Inclusão Escolar, que não atende apenas pacientes com deficiência intelectual, mas todos os casos de dificuldade que os professores da rede demonstram preocupação em resolver. “Hoje temos 17.000 alunos, dos quais atendemos 4.400. O município está dividido em cinco áreas de ensino. Visitamos semanalmente cada uma, mas ainda não conseguimos estruturar o atendimento interdisciplinar”, detalha Carla Freire.

Segundo os profissionais do litoral, as avaliações são feitas de forma unilateral, ou seja, realizadas apenas por um profissional. “Temos reuniões quinzenais para discussão de casos. Até o final do ano devemos ter mais dois Cries na cidade e total de 36 profissionais na equipe de Comunicação Inclusiva, o que permitirá iniciar o trabalho interdisciplinar”, planeja a Carla Freire, que revela: “Certamente temos muitos casos caracterizados como deficiência intelectual no município que podem ser dislexia. Não estamos aptos a diagnosticar um caso de dislexia de maneira isolada, sozinhos. Essa é nossa principal preocupação”.

alessandra caturani wajnsztejnA coordenadora do Núcleo Especializado em Aprendizagem da FMABC, Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztejn, elogiou a iniciativa da equipe de Caraguatatuba em buscar experiências e treinamento no atendimento interdisciplinar. “O diagnóstico isolado sempre está mais suscetível a erros. O desejo de substituir a opção unilateral pelo diagnóstico interdisciplinar mostra que a Comunicação Inclusiva de Caraguatatuba está muito à frente de diversos serviços do país. A identificação de problemas como dislexia e TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade), por exemplo, deve ser diferenciada. Requer participação e discussão do caso pelos diversos profissionais da equipe, que analisam o paciente de forma ampla e trabalham as possibilidades em conjunto”, acrescenta Alessandra Wajnsztejn.

A visita dos profissionais de Caraguatatuba foi intermediada pelo Instituto ABCD – Organização da Sociedade Civil (OSC) dedicada ao atendimento e ao incentivo às pesquisas na área de dislexia e que desde 2010 mantém parceria com o NEA-FMABC.

Referência em aprendizagem

As ações no campo das dificuldades escolares começaram em 2004 na Fundação do ABC – Faculdade de Medicina do ABC, na área de pesquisa clínica. No mesmo ano foi criado o Ambulatório de Neurodificuldades, abrindo espaço para atendimento gratuito à população – principalmente casos de Dislexia e TDAH. Até meados de 2007, a atuação dependia do apoio de dezenas de profissionais voluntários, efetivados pelas prefeituras da região com a implantação do Programa Dislexia ABC – atualmente PDA-FUABC. “Com o passar dos anos, o volume de atendimentos foi crescendo e fomos incorporando cada vez mais voluntários à equipe. Em 2007 atuávamos em 5 grupos com aproximadamente 40 voluntários”, recorda o coordenador do PDA-FUABC, Dr. Rubens Wajnsztejn, que acrescenta: “Em julho de 2007 demos grande passo no sentido de oficializar e ampliar nossa atuação. Fundamos o Núcleo Especializado em Aprendizagem e criamos o Programa Dislexia ABC em parceria com Santo André, São Bernardo e São Caetano. Cada cidade passou a ter equipe multidisciplinar específica, com contratação de todos os voluntários que já compunham o grupo”.

Hoje os dois programas estão consolidados e são referências nacionais no segmento. O Núcleo Especializado em Aprendizagem funciona no campus universitário e é coordenado pela psicóloga Alessandra Bernardes Caturani Wajnsztejn. Já o Programa Dislexia e Aprendizagem é coordenado pelo neurologista Dr. Rubens Wajnsztejn e conta com mais de 80 profissionais contratados via FUABC. Os atendimentos ocorrem em espaços específicos nos três municípios do ABC parceiros e no ambulatório da Faculdade, onde também atuam voluntários e estagiários na assistência às demais cidades do Grande ABC. “Ao todo são mais de mil atendimentos gratuitos por mês, sendo em média 100 novos casos de dificuldade escolar”, contabiliza Dr. Rubens.