Hospital da Mulher de Santo André celebra a coragem de famílias no Dia Mundial da Prematuridade

Publicado em: 18/11/2025

Evento reuniu profissionais, pais e voluntários para compartilhar histórias de superação e reforçar a importância do cuidado humanizado aos bebês nascidos antes do tempo

 

Dra. Claudia Giolo, Carol Giampaoli e Cybele Bonimani, mãe de Bryan e Derick

O Hospital da Mulher ‘Maria José dos Santos Stein’, de Santo André, promoveu a tradicional Festa dos Prematuros, em celebração ao Dia Mundial da Prematuridade. O evento, realizado no auditório da unidade, reuniu cerca de 50 pessoas, entre profissionais de saúde, familiares de bebês prematuros e mães de pacientes internados na Unidade de Neonatologia.

A data marca uma oportunidade de conscientização sobre os desafios enfrentados por bebês que nascem antes das 37 semanas de gestação. No Hospital da Mulher, a taxa de prematuridade alcança 12% dos nascimentos, representando 70% das internações na UTI Neonatal.

A enfermeira supervisora do setor, Carol Giampaoli, abriu o evento destacando a força necessária para enfrentar essa jornada. “Nós estamos aqui hoje, unidas, para celebrar a coragem. A coragem dos pequenos grandes guerreiros que chegaram ao mundo antes do tempo. E também a coragem de cada família, de cada profissional e de todos que caminharam lado a lado com esses bebês”, declarou.

Durante o encontro, realizado em 17 de novembro, a coordenadora médica da UTI Neonatal, Dra. Claudia Giolo, apresentou dados sobre a prematuridade no mundo e explicou a complexidade da condição. Segundo ela, mais de 13 milhões de prematuros nascem todos os anos, sendo a maior causa de mortalidade infantil, tanto nos países em desenvolvimento quanto nos desenvolvidos.

A médica descreveu a prematuridade como uma síndrome que afeta todos os sistemas do corpo. “Tudo é imaturo, desde a ponta do cabelo. Eles nascem sem cabelo, sem abertura ocular. Eles nascem sem sugar. O pulmão é imaturo, o fígado é imaturo, o coração é imaturo. Então, é uma síndrome clínica de imaturidade da cabeça aos pés”, explicou.

Pais de Antonella contaram sobre os desafios da prematuridade

HISTÓRIAS DE SUPERAÇÃO

Testemunhos emocionados de pais marcaram a programação. Cybele Bonimani, mãe dos gêmeos Derick e Bryan, que nasceram com 30 semanas de gestação, pesando 800 gramas e 1,2 quilo respectivamente, relatou que os filhos, hoje com 8 anos, foram prematuros devido a uma hipertensão severa que desenvolveu durante a gravidez. “Sou grata a Deus e a toda essa equipe maravilhosa do Hospital da Mulher. Não só salvaram a vida dos meus filhos, mas a minha também”, afirmou.

Nathalia Leite e Daniel Leite, pais de Eloá, que nasceu com apenas 25 semanas e 802 gramas, também compartilharam sua história. A pequena representa um dos casos emblemáticos de prematuridade extrema atendidos pela equipe. “Eu não só seguro uma filha no colo, eu seguro um milagre, uma experiência, um amadurecimento. O que eu falo para as mamães nesse processo é que tenham fé que vai dar certo”, declarou Nathalia.

Ana Jaqueline Francilino da Silva e Jailton Alves de Souza, pais de Antonella, que nasceu com 28 semanas e 840 gramas, também relataram a surpresa do parto prematuro. Ela trabalhava normalmente quando começou a sentir dores e, ao chegar ao hospital durante a noite, estava com a pressão arterial muito elevada.

“Já estava com pré-eclâmpsia. Então, fui internada e, pela manhã, tiveram que fazer parto cesárea para poder salvar nós duas”, contou. “A partir daquele momento, pensei: ‘o que vou fazer?'”, completou. Apesar das incertezas, deu certo. Hoje, Antonella é uma bebê com muita energia.

O FATOR HUMANO

A humanização do cuidado foi destacada por diversos profissionais que compartilharam suas experiências. Marli Alimari, técnica de enfermagem da UTI Neonatal há sete anos, confessou que, ao ingressar na carreira, não desejava trabalhar com crianças, mas foi acolhida pela Neonatologia. “Eu falo que a Neo me escolheu. Acompanhei a Antonella, a Eloá e muitas crianças. Para mim, isso é um presente de Deus”, disse emocionada.

O evento também contou com a participação de membros da Associação de Voluntários da Saúde de Santo André (AVSSA), que atuam no hospital. “A associação está há 26 anos dentro da Rede da Saúde de Santo André e, no Hospital da Mulher, desde que foi inaugurado neste prédio”, comentou Claudia Vicente, diretora de Gestão de Pessoas da ONG.

Uma das iniciativas da organização é o Projeto Aconchego, que oferece semanalmente oficinas de artesanato e momentos de acolhimento para as mães que acompanham seus bebês na internação. “É muito gratificante porque, a cada sexta-feira, ensino um artesanato diferente para as mamães. É um momento para a gente estar juntas, compartilhar e se abraçar”, definiu a voluntária Andreia Martins.

A musicoterapeuta Camila Turco, da equipe do hospital, emocionou o público ao apresentar uma canção sobre prematuridade, adaptada no ritmo de “Over the Rainbow”. “Meu coração é pequeno / mas não a vontade de amar / Sou uma semente a crescer / preciso de voz para lutar”, dizia a letra.

O evento foi concluído com a entrega de certificados personalizados para as mães que têm bebês internados na Neonatologia. Cada certificado trazia o nome e a estampa dos pés dos pequenos, simbolizando a marca única que cada vida deixa no mundo.

“A iniciativa reforça o compromisso do Hospital da Mulher com o cuidado humanizado e a valorização das histórias de superação que acontecem diariamente em suas dependências. Agradeço a Deus por fazer parte de um legado tão importante na vida de tantas pessoas”, concluiu Maria Solidade Rodrigues Nantes, gerente de enfermagem do Hospital da Mulher.