Publicado em: 16/05/2014
O Hospital de Clínicas Municipal José Alencar passará a realizar neurocirurgias em maio – serviço inédito na rede pública de São Bernardo. A informação foi divulgada pela secretária de Saúde Odete Gialdi durante entrevista coletiva realizada em 29 de abril, quando a titular da Pasta fez balanço dos primeiros quatro meses de atividades da unidade.
Odete destacou que hoje, na região, as neurocirurgias são realizadas pelos hospitais estaduais Mário Covas (Santo André) e Serraria (Diadema), mas que o município tem dificuldade de conseguir vagas no tempo adequado. “São casos de urgência que precisam ser encaminhados o mais rápido possível. Com esse atendimento, vamos conseguir desafogar a demanda de pacientes que hoje vão para fora do município”, salientou.
O superintendente do HC, Dr. Daniel Beltrammi, destacou que a ideia é atender cirurgias de emergência, não as eletivas. “Queremos ter capacidade de atender à demanda nos casos de emergência, que não é pequena”, disse.
Também neste ano, o HC passará a atender casos de cardiologia intervencionista, infarto agudo do miocárdio e Acidente Vascular Cerebral (AVC) – na avaliação da secretária de saúde, as principais causas de internações e complicações. O serviço de cardiologia possibilitará grande avanço no atendimento aos pacientes, permitindo, por exemplo, a colocação de stents (próteses utilizadas para a desobstrução de artérias).
O hospital também contará com atendimento pediátrico, que inicialmente não estava previsto para ser oferecido no HC. “O serviço é disponibilizado no Hospital e Pronto-Socorro Central, que não conta com espaço adequado para isso. Agora teremos condições de oferecer o atendimento com mais qualidade”, garantiu Gialdi. A expectativa é de que o serviço seja disponibilizado em até 90 dias. Serão 30 leitos de internação e 20 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). “Vale lembrar que teremos pediatra e hebiatra (especializada no atendimento a adolescentes) atuando juntas”, explicou Beltrammi.
No segundo semestre, o Hospital de Clínicas também contará com centro para exames de imagens. A secretária adiantou que equipamentos para exames, como densitometria óssea, estão sendo instalados, enquanto o “aparelho para ressonância magnética está em processo de licitação”.
Balanço positivo
Durante os primeiros 30 dias de funcionamento do HC, com o objetivo de testar fluxos e protocolos assistenciais, a oferta de leitos ocorreu de forma gradual até completar os 30 leitos da primeira unidade de internação. Em 17 de fevereiro, o hospital abriu a segunda unidade, com mais 30 leitos. Dessa forma, nos primeiros 90 dias foram abertos 60 leitos de internação, além de 10 de UTI.
Com a incorporação de outros 30 leitos de internação e 10 de UTI, atualmente o HC conta com 110 leitos abertos à população, muito próximo da atual capacidade do Hospital Anchieta, que é de 140 leitos.
Nestes primeiros quatro meses de implantação, o Hospital de Clínicas tem apresentado taxa de 85% de ocupação dos leitos de internação, com média de permanência de sete dias por paciente. Mais de 70% desses pacientes estão na faixa etária entre 60 e 80 anos.
Já a taxa de ocupação dos leitos de UTI é de 95%, também com média de permanência de sete dias por paciente. Conforme o balanço, 50% dos leitos de UTI vêm sendo ocupados por pessoas com doenças do coração, que dependem de tratamento hospitalar rápido para que tenham chances de sobreviver.
O HC também tem sido decisivo na diminuição da sobrecarga de outros estabelecimentos da rede pública de Saúde, notadamente o Hospital e Pronto-Socorro Central (HPSC), que é a unidade com maior demanda de pacientes no município. Além disso, muitos usuários que permaneciam em leitos de observação nas Unidades de Pronto Atendimento por falta de vagas nos hospitais estão sendo levados para o Hospital de Clínicas, desafogando as UPAs, que precisam da rotatividade nos leitos para atender melhor casos de urgência e emergência.
O hospital tem diferencial importante no atendimento aos pacientes internados. Além dos plantonistas, conta com médicos fixos, ou seja, que estão diariamente no hospital, permitindo acompanhamento frequente dos casos e estabelecimento de vínculo, o que garante qualificação do cuidado.
A secretária de Saúde salienta que o hospital foi projetado para atender à demanda local e reduzir o déficit de leitos clínicos e cirúrgicos no município, mas que a médio e longo prazo também poderá vir a assumir importante papel como unidade de referência regional. “O HC foi dimensionado para acompanhar as necessidades do crescimento da cidade para daqui a 15 ou 20 anos. Está capacitado para agregar novas tecnologias. Se houver pactuação regional ou estadual para implantar novos serviços, temos capacidade de atender”, afirma Odete Gialdi.
Ortopedia já funciona do HC
Tiveram início em abril o serviço ambulatorial de ortopedia e também as cirurgias de trauma ortopédico, procedimento até então realizado no Hospital Anchieta – que agora pode aumentar a capacidade de cirurgias gerais e reconfigurar-se como referência em oncologia.
Pacientes com trauma ortopédico encaminhados ao HC são pessoas que sofreram lesões diversas, entre as quais violência no trânsito e acidentes de trabalho, e que já passaram por uma primeira cirurgia ou período de imobilização para nova avaliação cirúrgica.