Hospital Municipal de Mogi conta com protocolo para pacientes com TEA

Publicado em: 11/06/2024

Unidade atende mensalmente até 200 pacientes com TEA ou em investigação, com protocolos específicos e infraestrutura totalmente adaptada para essa finalidade

 

Atento às necessidades de atender de maneira adequada às peculiaridades dos pacientes com Transtorno do Espectro Autista (TEA), o Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC) mantém em curso um protocolo especial para esse público, que engloba as mais diversas etapas da assistência hospitalar. Localizado na região metropolitana de São Paulo e gerenciado pela Fundação do ABC em parceria com a Prefeitura, o HMMC recebe mensalmente até 200 pacientes com TEA ou em investigação.

“Identificamos a necessidade de implantação da rotina após a sugestão de um usuário encaminhada pelo Serviço de Atendimento ao Usuário do hospital. Todas as queixas e sugestões relatadas são analisadas individualmente, com o objetivo de atendermos às necessidades e ofertarmos uma melhor experiência. Nesse sentido, criamos o fluxo de atendimento e uma sala exclusiva para o acolhimento adequado a estes pacientes”, explica a diretora-geral da HMMC, Amanda Correa da Cruz, sobre as motivações da implantação do atendimento prioritário a este grupo.

O atendimento a pacientes com TEA foi lançado em setembro de 2023 e é guiado por três protocolos institucionais: o Protocolo de Classificação de Risco, a Identificação do Paciente e o Manual Institucional de Atendimento ao Paciente com TEA.

No Pronto Atendimento Infantil, o processo começa com a acolhida e identificação do paciente com uma pulseira personalizada. Em seguida, ele é direcionado para uma sala exclusiva, onde a prescrição médica é destacada para priorização do atendimento. Nos ambulatórios, os pacientes são identificados com uma etiqueta contendo o símbolo do TEA, e suas fichas médicas são marcadas com um adesivo customizado, garantindo prioridade no atendimento. Para internações, além da pulseira personalizada, há uma placa de identificação exclusiva beira-leito e a prescrição médica é identificada especificamente para TEA.

A implementação de boas práticas de identificação e conduta é padronizada para todos os graus do espectro autista, sem distinção de severidade. O protocolo busca assegurar um acolhimento exclusivo e a preservação da integridade dos pacientes e seus familiares. Os profissionais de saúde são capacitados conforme os protocolos estabelecidos, com foco na padronização e qualificação do atendimento, enfatizando ética, privacidade e conforto.

INFRAESTRUTURA

O Hospital Municipal de Mogi das Cruzes também realizou adaptações em sua infraestrutura. No Pronto Atendimento Infantil, uma sala exclusiva foi criada para pacientes com TEA. “Identificamos a necessidade de um atendimento diferenciado para este perfil de paciente, considerando a fragilidade apresentada pelo usuário, bem como o aumento de pacientes com o diagnóstico após a pandemia da Covid-19”, diz Amanda. Além disso, está programada para o segundo semestre de 2024 a adaptação de uma sala de espera maior e exclusiva para esses pacientes, devido ao aumento de casos e à necessidade identificada de maior privacidade.

Durante consultas e procedimentos médicos, a comunicação com pacientes autistas é adaptada para ser afetiva e respeitosa, utilizando linguagem clara e objetiva, com o auxílio de ferramentas visuais e tecnologia assistiva, como placas de comunicação alternativa e ampliada. Esta abordagem lúdica, com o uso de brinquedos e estímulo a gestos e contato visual, visa tornar a experiência médica mais compreensível e menos estressante para os pacientes.

A comunidade tem respondido positivamente ao serviço especializado para pacientes com TEA, reconhecendo a efetividade do atendimento e a preservação do bem-estar dos pacientes, diz a diretora-geral do HMMC. A criação deste protocolo específico representa um avanço significativo na abordagem do TEA no Hospital Municipal de Mogi das Cruzes, demonstrando um compromisso contínuo com a melhoria do atendimento e a resposta às necessidades dos pacientes e suas famílias.

TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA

O Transtorno do Espectro Autista é uma condição neurológica e de desenvolvimento que afeta a comunicação, o comportamento e a interação social dos indivíduos. Caracterizado por uma ampla gama de sintomas e habilidades, o TEA pode se manifestar de formas variadas, desde quadros leves, em que os indivíduos podem levar uma vida relativamente independente, até casos severos, que necessitam de apoio contínuo.

A identificação do TEA costuma ocorrer nos primeiros anos de vida, quando pais e educadores observam atrasos na fala, comportamentos repetitivos e dificuldades em interações sociais. O diagnóstico é clínico, realizado por meio de uma avaliação abrangente que envolve psicólogos, psiquiatras, neuropediatras e outros profissionais especializados. Intervenções precoces, como terapias comportamentais, ocupacionais e fonoaudiológicas, têm se mostrado eficazes em ajudar crianças com TEA a desenvolverem habilidades sociais e comunicativas, promovendo uma maior autonomia e integração social.

A inclusão de pessoas com TEA na sociedade é um desafio que demanda esforços contínuos de conscientização e adaptação. Escolas, ambientes de trabalho e espaços públicos precisam ser preparados para acolher as necessidades específicas dessas pessoas, garantindo acessibilidade e respeito às suas particularidades. Projetos de educação inclusiva, leis de proteção aos direitos das pessoas com deficiência e campanhas de sensibilização são essenciais para promover a igualdade de oportunidades e combater o preconceito. Somente com uma abordagem coletiva e informada será possível construir uma sociedade mais inclusiva e justa para todos.