Publicado em: 17/12/2021
A primeira colocação no concurso 2021 do Programa Feito Pela Gente, da FUABC, ficou com projeto desenvolvido no Hospital Estadual Metropolitano Santa Cecília. Vocacionada ao atendimento de casos de Covid-19, a unidade precisou adaptar a estrutura e o atendimento às famílias que perderam seus entes queridos durante a pandemia. Com isso, muitas alterações de rotina foram promovidas nas instituições de saúde. Um dos aspectos mais relevantes, que faz parte do dia a dia de profissionais de saúde e familiares, é a convivência inesperada, intensa e contínua com a morte. O fato propiciou às equipes da unidade novas estratégias de humanização e acolhimento, alinhadas à segurança sanitária necessária para que familiares não fossem expostos aos riscos de contaminação pela doença. Desta forma, nasceu o projeto “Sala do Adeus”, um espaço exclusivo para atendimento de familiares que perderam seus pacientes em razão da Covid-19.
A unidade montou dentro do morgue uma saleta isolada com ampla janela de vidro blindado e fechada com persiana, faceando com a “Sala do Adeus”, onde ficam os familiares. Na prática, o acolhimento das famílias para o comunicado do óbito se faz por meio da equipe multiprofissional composta por médico, psicóloga e assistente social. Ao chegarem ao hospital, os familiares são direcionados ao espaço, onde são recebidos pelo médico e informados sobre a causa morte. Em seguida, a psicóloga realiza o acolhimento e oferta escuta e apoio emocional aos familiares. Quando a psicóloga percebe que os familiares estão mais estáveis emocionalmente, a mesma os convida para a despedida ofertando a possibilidade do reconhecimento. Um dos principais diferenciais do serviço foi justamente proporcionar essa íntima e silenciosa despedida aos familiares, uma vez que as visitas presenciais durante a internação estavam suspensas em praticamente todos os serviços destinados ao atendimento de casos de Covid-19.
Os familiares também recebem todas as orientações da equipe de Serviço Social quanto aos trâmites funerários. O trabalho traz o relato, inclusive, de três experiências com familiares de vítimas da doença que marcaram positivamente os profissionais envolvidos no atendimento.