HPS Central de S.Bernardo salva vidas com doações de órgãos

Publicado em: 17/01/2013

De um único doador podem ser obtidos vários tecidos e órgãos

Pelo menos 20 pacientes foram beneficiados em 2012 com doação de órgãos e tecidos a partir da mobilização de equipe criada para essa tarefa dentro do Hospital e Pronto-Socorro Central de São Bernardo do Campo. O número de transplantados pode ser maior, já que de um único doador podem ser retirados vários órgãos e um mesmo órgão pode beneficiar mais de um paciente vivo. Um fígado, por exemplo, pode ajudar ao mesmo tempo duas pessoas que aguardam por transplante.

O HPS Central de São Bernardo é o maior notificador de potenciais doadores do Grande ABC. Só no ano passado foram realizadas 19 notificações, sendo 7 efetivas, o que não é pouco. Foram desses 7 doadores que se retiraram os 20 órgãos que salvaram no mínimo 20 pessoas, conforme levantamento da CIHDOTT (Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes). A comissão foi implantada em 2009 e contabiliza 53 notificações de mortes encefálicas até 2012.

De um único doador pode-se obter coração, pulmões, fígado, pâncreas, intestinos, rins, córneas, veias, ossos, tendões e pele. É esse potencial de salvar outras vidas que move a CIHDOTT no dia-a-dia do HPS Central de São Bernardo. A luta da comissão não é só contra o tempo para agilizar procedimentos e preservar os órgãos, mas também acolher familiares nesse momento de difícil aceitação da morte, independente de serem favoráveis ou não à doação.

“Infelizmente o desconhecimento da família do desejo do paciente em ser ou não doador dificulta o processo”, lamenta a enfermeira Meire Aline Pinheiro, presidente da CIHDOTT. A comissão é multidisciplinar e composta por sete membros entre médicos, enfermeiros, psicólogo, fisioterapeuta e assistente social (foto). Alguns dos fatores que dificultam a decisão dos familiares pela autorização ou não da doação são: desconhecimento sobre o desejo do doador e sobre morte encefálica, insatisfação com o atendimento do serviço, além de questões emocionais relacionadas à morte. Outro fator é a dúvida sobre a aparência do corpo. Após a retirada dos órgãos, o corpo retorna preservado aos familiares.

Irreversível

Morte encefálica é a parada definitiva e irreversível do cérebro e tronco cerebral, provocando a falência gradativa de todo o organismo. É a morte propriamente dita. A CIHDOTT do HPS Central realiza busca ativa diária nas unidades do hospital para identificar potenciais doadores e acionar o SPOT (Serviço de Procura de Órgãos e Tecidos) de sua referência, a Unifesp. Todo o procedimento segue regulamentação do Conselho Federal de Medicina.

A comissão do HPS Central foi criada em setembro de 2009 para atender a portaria 1752, de 23 de setembro de 2005. São Paulo é o único Estado a ter modelo descentralizado de comunicação e captação de órgãos, contando com 10 SPOTs: quatro na Capital e seis no Interior.

Salvando Vidas

O procedimento de busca e identificação de doadores segue três etapas:

  • Primeiro, verifica-se a causa da morte cerebral e exclui-se possível reversão.
  • Segundo, 2 testes clínicos são realizados por médicos diferentes com intervalo mínimo de 6 horas.
  • Terceiro, realiza-se exame por imagem que confirma o cérebro sem atividade. No HPS Central é usado o doppler transcraniano, que confirma a ausência de circulação cerebral.