FMABC e INPA desenvolvem método para determinar potencial benéfico de espécies vegetais

Publicado em: 07/04/2016

A parceria entre a Faculdade de Medicina do ABC e o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), do Governo Federal, acaba de gerar mais resultados positivos. As instituições desenvolveram novo método para determinar o teor total de polifenois em espécies vegetais, ou seja, o potencial de benefícios dessas plantas à saúde. O processo de quantificação utiliza reagente chamado ‘bipiridina’ em uma reação química ainda não aplicada com essa finalidade. O método foi testado com sucesso em 19 espécies vegetais – algumas nativas da Amazônia.

Aluna Waila Evelyn Lima Santana, atualmente no 5º ano da graduação em Farmácia, e o Dr. Horacio Dorigan Moya

Aluna Waila Evelyn Lima Santana, atualmente no 5º ano da graduação em Farmácia, e o Dr. Horacio Dorigan Moya

Os extratos vegetais são ricos em antioxidantes como carotenos, fitoestrogênios e polifenois. São compostos capazes de remover radicais livres do organismo, que em excesso podem atacar células normais e gerar danos em biomoléculas como proteínas e DNA, ocasionando determinados tipos de câncer, doenças cardiovasculares e patologias relacionadas ao envelhecimento. Devido à complexidade e à diversidade dos compostos presentes nos vegetais, normalmente determina-se o teor total de polifenois. “Os polifenois são substâncias benéficas ao sistema cardiovascular devido a ações antioxidantes, antimicrobianas, anti-inflamatórias e até mesmo antitumorais. Como regra geral, a ingestão desses compostos através da dieta promove maior benefício à saúde”, explica o professor titular de Química Analítica da Faculdade de Medicina do ABC, Dr. Horacio Dorigan Moya.

Esse é o segundo trabalho da FMABC em cooperação com o INPA – o primeiro ocorreu entre os anos de 2013 e 2014. Embora a reação proposta não permita identificar qual o princípio ativo responsável pela ação farmacológica, é possível quantificar com elevado grau de confiança o teor total de polifenois nos extratos. “Devido à complexidade e diversidade dos compostos presentes nas amostras, o teor total é um parâmetro muito importante, principalmente se considerarmos que a maioria das espécies investigadas não dispõe de estudos detalhados na literatura internacional”, revela Moya, que completa: “Essa reação tem sido usada mundialmente para doseamento de fármacos como antibióticos, antidepressivos, anti-inflamatórios e analgésicos, mas nunca havia sido utilizada na quantificação de polifenois em extratos vegetais”.

Ao todo foram analisadas 19 espécies vegetais, mas somente duas – espinheira santa e carqueja – estão descritas na Farmacopeia Brasileira (tipo de manual geral de orientação). Espécies como a graviola, guaçatonga, gervão, andiroba e porangaba, muito utilizadas na medicina popular brasileira, assim como escada de jabuti, cumaru, pau pereira, erva de Marajó, sucuúba, jatobá, jabuticabeira, embiriba, miraruira, acariquara, piranheira do Xingu e lacre, presentes na região do Norte e Nordeste do país, carecem de estudos mais aprofundados.

O estudo intitulado “Antioxidant Activity and Polyphenol Content of Some Brazilian Medicinal Plants Exploiting the Formation of the Fe(II)/2,2′-bipyridine Complexes” foi publicado na revista norte americana “Natural Product Communications” (vol. 10, pg 1821 – 1824). Trata-se de periódico internacional, que cobre aspectos na área de produtos naturais, como o isolamento de compostos, elucidação da estrutura, propriedades, métodos analíticos e ecologia química.

Dra. Cecilia Veronica Nunez, professora do Laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia da COTI-INPA

Dra. Cecilia Veronica Nunez, professora do Laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia da COTI-INPA

A pesquisa é resultado do trabalho de conclusão de curso de Waila Evelyn Lima Santana, atualmente no 5º ano da graduação em Farmácia, sob orientação do Dr. Horacio Dorigan Moya e com colaboração da Dra. Cecilia Veronica Nunez, professora do Laboratório de Bioprospecção e Biotecnologia da COTI-INPA (Coordenação de Tecnologia e Inovação do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

“A bipiridina utilizada como reagente principal é estável e a solução é de fácil preparação. Além disso, o método recém-proposto é eficaz e de fácil execução”, garante Dr. Horacio Moya, que completa: “Devido a essas características, passamos a utilizar a mesma reação, de maneira adaptada, para quantificação da capacidade antioxidante de outras amostras de origem vegetal, como chás, vinhos e cervejas”.

Interessados em receber cópia do trabalho completo podem encaminhar solicitação para o e-mail horacio.moya@fmabc.br.