Medicina ABC participa de estudo global sobre câncer de próstata

Publicado em: 15/07/2016

Estudo sobre os padrões de tratamento do câncer de próstata está em andamento em centros assistenciais, instituições de ensino e de pesquisa de todo o mundo, com objetivo de conhecer os modelos contemporâneos de terapia adotados nas diferentes regiões do planeta. Até o final de 2016 deverão ser incluídos 2.500 pacientes provenientes de 100 regiões, entre as quais a Ásia, Europa e américas do Sul, Central e do Norte. A Faculdade de Medicina do ABC, através da disciplina de Urologia, está entre os centros de tratamentos selecionados e, a exemplo dos demais participantes, reportará à central do estudo informações padronizadas sobre terapia, evolução e fatores que influenciaram as decisões para as condutas adotadas.

Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo, professor titular da disciplina de Urologia e docente na Pós-Graduação da FMABC

Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo, professor titular da disciplina de Urologia e docente na Pós-Graduação da FMABC

A inclusão de pacientes no estudo segue critérios pré-estabelecidos e vai até 30 de novembro. Podem se candidatar indivíduos com maior risco de progressão após tratamento inicial do câncer de próstata ou que tiveram diagnóstico da doença estabelecido já em fase metastática (quando a doença avança para outros órgãos).

O estudo prospectivo terá duração aproximada de 5 anos. A FMABC, além de integrar o seleto grupo de instituições que participam da pesquisa, também conta com um docente entre 11 destacados professores, escolhidos nas mais diversas instituições internacionais – dos EUA, Inglaterra, Canadá e Austrália, por exemplo –, que constituem o comitê gestor do estudo global. O representante latino-americano é o Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo, professor titular da disciplina de Urologia e docente na Pós-Graduação da Faculdade de Medicina do ABC, além de vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia e coordenador do Departamento de Uro-Oncologia da entidade.

Batizado ASPIRE, o estudo teve início em 2014, com resultados parciais apresentados nos principais eventos mundiais da especialidade – como os congressos da American Urological Association (AUA), European Association of Urology (EAU) e European Society for Medical Oncology (ESMO). Dados atualizados serão relatados entre 20 e 23 de outubro próximo, durante a 36ª edição do Congress of the Société Internationale d’Urologie (SIU), em Buenos Aires, Argentina. “A participação da Faculdade de Medicina do ABC neste trabalho global demonstra de maneira clara a inserção e a importância institucional da faculdade no cenário internacional”, garante do Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo, cuja expectativa é de que a FMABC contribua com informações de aproximadamente 20 pacientes.

PREVALÊNCIA GLOBAL

O câncer da próstata é a neoplasia maligna mais diagnosticada em homens após os 50 anos, com exceção do câncer de pele. Aproximadamente 900 mil casos foram diagnosticados no mundo em 2008 e a estimativa é de 258 mil mortes para este ano. A incidência desses tumores varia de maneira muito significativa nas diversas regiões do planeta, com maior prevalência em países da América do Norte e Europa Ocidental. A América do Sul é considerada área de risco relativo e homens dos países asiáticos são pouco acometidos. Fatores genéticos, ambientais e faixa etária são apontados como determinantes. Chama a atenção que homens originários da Ásia, região de baixa frequência, quando emigram para áreas onde a incidência é consideravelmente maior – como os Estados Unidos, por exemplo –, têm filhos com risco de câncer de próstata semelhante ao dos habitantes locais.

Especificamente no Brasil, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que em 2016 serão mais de 61 mil novos casos de câncer de próstata. Em 2013, a doença foi responsável por 13.772 mortes no país. “Nos últimos anos observamos diminuição significativa de mortes por câncer de próstata graças a inúmeros fatores, como tratamentos efetuados em fases iniciais, quando o tumor pode ser curável, e campanhas mundiais de avaliação precoce de homens, mesmo assintomáticos, principalmente aqueles com antecedentes familiares da doença. Além disso, passamos a contar com novos métodos terapêuticos, que permitem prolongar significativamente a expectativa de vida. São novos agentes quimioterápicos, hormônios (abiraterona e enzalutamida), radioterapia de última geração (radioisótopos R123), imunoterapia, tratamentos cirúrgicos mais eficientes, medidas de proteção óssea e paliação efetiva, entre outros instrumentos”, detalha Dr. Pompeo.

Para o titular de Urologia da FMABC, os avanços obtidos pela Medicina nos últimos anos são inquestionáveis. “Constituem desafios a serem equacionados tornar disponível a toda a população mundial esses novos recursos, cujos custos são muito elevados, além da indispensável necessidade de treinamento dos profissionais envolvidos na área. Por essas razões, ainda existe uma disparidade considerável de assistência aos portadores de câncer de próstata”, afirma Dr. Antonio Carlos Lima Pompeo.