Neurocirurgia no Hospital de Clínicas ajuda a salvar vidas

Publicado em: 15/05/2015

A cabeleireira Valéria Ortiz Fattori sentia for­tes dores de cabeça. Procurou atendimento no Hospital e Pronto-Socorro Central (HPSC), onde foi constatado aneurisma. O quadro se agravou e ela passou a ter convulsões. Um procedimento cirúrgico era a única solução para o caso.

“Foi uma corrida contra o tempo. Se não tivesse sido atendida rápido, não estaria aqui para contar essa história”, afirma. No dia 3 de dezembro, Valéria foi a primeira pacien­te a passar por neurocirurgia no Hospital de Clínicas Municipal (HC). O serviço, até então inédito na rede municipal, vem garantindo o pronto atendimento a pessoas que antes precisavam aguardar a liberação de vagas em hospitais de referência fora do município.

Nos quatro primeiros meses da neuroci­rurgia no HC, 44 usuários foram atendidos. “Isso mostra que tínhamos uma grande de­manda reprimida. Pacientes com traumatismo craniano, por exemplo, precisam ser operados o quanto antes, assim são maiores as chances de sucesso e menores as de sequela. Nesse sentido, estamos cumprindo bem o nosso pa­pel. A agilidade salva vidas, sem dúvida”, avalia o médico neurocirurgião José Carlos Rodri­gues Junior, coordenador do serviço municipal.

Hoje são atendidos no HC os casos de urgência e emergência que dão entrada no HPSC; boa parte é de usuários em estado grave, vítimas de acidentes de trânsito. Mas há quem corra risco e nem imagine o quão de­licado é seu quadro de saúde. Esse foi o caso do comerciante do bairro Assunção Adão Leite Souza, que foi operado às pressas depois que uma tomografia revelou que ele tinha um he­matoma subdural – coágulo que se forma no cérebro e aumenta a pressão intracraniana.

Adão sofreu uma queda no Natal, bateu for­te com a testa no chão e, dias depois, começou a ter dores. No início, pensou que era uma si­tuação corriqueira e passou a tomar analgésicos. Quando percebeu inchaço, procurou atendi­mento. Na UBS Alves Dias, depois de se con­sultar com clínico geral, foi solicitada tomografia, realizada no próprio HC. A equipe, quando viu as imagens do exame, telefonou imediatamente para Adão e pediu que ele retornasse ao hospi­tal. “Não me deixaram mais ir embora, disseram que eu teria que passar pela cirurgia. Nunca ima­ginei que meu caso era gravíssimo. Dei muita sorte. Fui salvo por pouco”, relata.

O comerciante se submeteu à neurocirurgia no início de março e elogiou o cuidado que re­cebeu no HC. “Fiquei surpreso por haver tanta qualidade no SUS. Todos foram muito atencio­sos. Me ligaram antes mesmo da data prevista para ficar pronto o exame quando viram que eu estava em perigo. Estou feliz e aliviado”.

TRANSFERÊNCIA DE SERVIÇOS

Desde que o Ambulatório de Especiali­dades Médicas I entrou em obras para re­forma e ampliação, em janeiro, parte dos serviços prestados na Avenida Armando Íta­lo Setti passou a ser ofertada no HC. Em es­paço reservado no andar térreo do hospital, estão sendo realizadas em caráter tempo­rário as consultas e procedimentos dos pro­gramas DST/Aids/Hepatites, Tuberculose e Hanseníase, Infectologia e CTA (Centro de Testagem e Aconselhamento).

Diariamente, em média, cerca de 200 pacientes são atendidos pelos programas, e cerca de 40 pequenas cirurgias são reali­zadas. Para contemplar a demanda, 90 tra­balhadores da saúde que davam expedien­te no ambulatório foram transferidos para a unidade hospitalar. Vale lembrar que o aces­so desses usuários aos serviços do HC não é feito de forma direta; todo o processo é feito pela Central de Regulação.

Além do HC, o atendimento antes pres­tado pelo Ambulatório de Especialidades I é feito em outros dois endereços. No prédio localizado na Alameda Tereza Cristina, 519, Nova Petrópolis, estão concentradas especia­lidades pediátricas, alergista adulto, PHmetria infantil e CTA 1 (Centro de Testagem e Acon­selhamento). Já no Centro de Especialidades Regional Rudge Ramos, na Rua Brasil, 350, são atendidas as consultas em homeopatia adulto e infantil, oftalmologia adulto e infantil, acupuntura, cardiologia, dermatologia, endo­crinologia, gastroenterologia, geriatria, neuro­logia, ortopedia, pneumologia, reumatologia e espirometria (prova de função pulmonar).

As obras no prédio da Armando Ítalo Setti devem durar 18 meses. No local será implantada a Policlínica do Centro, o maior centro de especialidades ambulatoriais da rede municipal, que reunirá o atendimento em todas as áreas médicas, centro de fisio­terapia para reabilitação física e cardiovas­cular e serviços de diagnóstico por imagem.