Núcleo Especializado em Aprendizagem organiza evento sobre bullying

Publicado em: 30/01/2015

O Núcleo Especializado em Aprendizagem da FMABC (NEA) realizou em 28 de janeiro aula sobre bullying para residentes de Neuropediatria e de Psiquiatria, além da própria equipe interdisciplinar do NEA e de convidados externos. O tema foi escolhido justamente pela época de volta às aulas e, consequentemente, do trote universitário, que coincidem com a recente divulgação de pesquisa que afirma que nove em cada 10 alunos de medicina da Universidade de São Paulo já sofreram algum tipo de agressão ao longo de sua formação.

O bullying caracteriza-se por qualquer ato ou manifestação intencional e repetitiva que possa intimidar, maltratar, ofender, agredir ou discriminar o semelhante. As discussões sobre o tema cresceram muito nos últimos anos, principalmente acerca do bullying nas escolas – apesar de o problema também atingir o público adulto, como em ambientes de trabalho ou universitário, nos trotes aos calouros, por exemplo.

Segundo a psicóloga e psicopedagoga coordenadora do NEA, Alessandra Caturani Wajnsztejn, umas das principais características do bullying é a persistência diante da não aceitação alheia. “As pessoas são diferentes umas das outras. A mesma brincadeira que não é nociva para um aluno, por exemplo, pode ser prejudicial para outro. Dessa forma, quando uma ação deixa de ser inofensiva e mesmo assim há persistência, machucando, agredindo física ou emocionalmente, temos o bullying”, descreve a docente, que comandou a aula sobre o tema na FMABC.

De acordo com a especialista, a prática clínica evidencia que o bullying está presente em todas as escolas. “Quando a escola supõe que em seu espaço físico não existe bullying, possivelmente é porque quem sofre a agressão não a esteja revelando. O bullying é caracterizado, inclusive, pelo silêncio angustiante da vítima, que muitas vezes sofre durante anos sem revelar aos familiares e professores. Dessa forma, cabe às escolas aceitar essa realidade e enfrentá-la, com medidas preventivas de orientação e conscientização”, aconselha Alessandra Wajnsztejn, que também é formada em Neuropsicologia.

EFEITOS NOCIVOS

O bullying pode ocorrer em forma de gestos, palavras ou de qualquer atitude prejudicial ao indivíduo. De forma geral, a literatura retrata quatro tipos de manifestações principais: bullying verbal, físico, psicológico e sexual. No âmbito virtual, a internet e as redes sociais potencializam o problema. No chamado ciberbullying, os efeitos são rápidos, amplos e muitas vezes podem ser devastadores.

Entre os principais prejuízos às vítimas estão problemas na área de saúde mental. Os pacientes podem apresentar quedas no rendimento escolar ou no trabalho e desencadear quadros de fobias, ansiedade, pânico, depressão e outras doenças de ordem psíquica. “Temos diversos casos que mostram como o bullying pode se tornar algo extremamente prejudicial e perigoso. Uma paciente que aos 14 anos era chamada de balofa, bola e balão, por exemplo, chegou aos 16 anos com quadro gravíssimo de anorexia nervosa, doença que pode levar à morte”, advertiu Alessandra Wajnsztejn, alertando para a importância da adoção de medidas preventivas, assim como de tratamento adequados às vítimas.