Publicado em: 22/12/2014
Quando chegou ao Hospital de Clínicas Municipal de São Bernardo pela primeira vez, o equipamento era um gigante de 11 pavimentos de concreto, ainda sem acabamento e com instalações hidráulica e elétrica em fase de execução. Era maio de 2013, e Jorge Almeida, 39 anos, havia sido contratado pela Secretaria de Saúde para acompanhar a etapa final das obras. Meses depois, seria o primeiro funcionário admitido pelo CHMSBC para atuar na unidade.
“Foi uma oportunidade de ouro poder acompanhar essa construção de perto. Sei o que está por trás dessas paredes e como tudo foi feito. Isso faz toda a diferença no trabalho que executo hoje”, conta Jorge, que é coordenador de manutenção predial do HC.
Jorge comanda uma equipe de 35 colaboradores, os “fazem-tudo” do hospital, desde reparos na alvenaria, passando pela manutenção do ar-condicionado, a troca de uma lâmpada, o conserto da janela que emperrou, a troca da válvula do vaso sanitário, a pintura que descascou… é extensa a lista de tarefas desse pessoal, que cuida da “saúde” do prédio.
“Nossa equipe trabalha com a consciência de que a atuação deles, por mais simples que pareça, pode ajudar a salvar vidas. Imagine um gerador de energia que não funciona por falta de manutenção, por exemplo. Isso tem impacto direto para o médico, que pode ter que adiar uma cirurgia se faltar energia, e também para os pacientes que precisam de ajuda de aparelhos para respirar”, explica.
O coordenador fala com orgulho do dia em que o hospital foi inaugurado e da satisfação de poder continuar trabalhando com pessoas que, assim como ele, têm origem humilde e trajetória marcada por muita dedicação para superar obstáculos. “Sou o primeiro da minha família a fazer uma faculdade. Dou muito valor às chances que tive e acho muito importante valorizar o esforço de cada um”.
Um dos colaboradores de Jorge é o pedreiro João de Brito Ribeiro, 33. Em 2011, ele foi contratado pela Tratenge, empreiteira que construiu a unidade. Na época, Brito trabalhava em Guarulhos, mas precisava muito de um emprego mais perto de casa, na Vila São Pedro. Viúvo, perdera a esposa no parto da única filha e criava sozinho a recém-nascida Yasmin. “Aprendi a fazer de tudo, a dar banho, trocar fralda, fazer mamadeira, papinha. Éramos só nós dois, e é assim até hoje”.
Trabalhar na obra do HC permitiu que Brito cuidasse da filha. Mesmo sem conseguir fazer hora extra – ele tinha que sair no horário para pegar a menina na creche –, Brito se destacou pela qualidade do serviço realizado. Das áreas em que mais atuou, lembra com carinho do auditório, onde participou da construção de cada um dos degraus, e também da instalação das bancadas de mármore nas recepções. Há um ano, foi contratado pelo CHMSBC. “No dia da inauguração fiquei emocionado. Tenho orgulho de trabalhar aqui. Já trouxe até a Yasmin para conhecer. É um hospital que ajuda muita gente”.
João de Brito Ribeiro é um dos 1.255 nomes que constam da placa instalada na recepção do HC em homenagem aos operários que atuaram na obra. O do ajudante geral Almiro Borges Araújo, 50, também está lá. Almiro começou na construção em 2012. Era uma vaga temporária, para três meses. Acabou ficando um ano e quatro meses e foi incorporado ao efetivo do HC. Hoje, fazem parte do quadro 1.055 colaboradores, incluindo 272 funcionários terceirizados, que integram equipes como limpeza e segurança patrimonial.
Almiro mora na região do Alvarenga desde 1988, quando chegou da cidade de Dom Expedito Lopes, no Piauí. Naquele tempo, “era tudo brejo”. Hoje, ele comemora os novos tempos. “Aqui é excelente. Posso dizer que trabalho no cartão postal da cidade”.