São Bernardo e Mauá recebem novas turmas de médicos residentes

Publicado em: 27/03/2015

As secretarias de Saúde de São Bernardo e de Mauá deram boas-vindas em março às novas turmas de médicos residentes das cidades. Em São Bernardo, a recepção ocorreu no auditório do Hospital de Clínicas Municipal (HC), com presenças dos coordenadores do programa e da secretária de Saúde, Odete Gialdi. Em Mauá, a aula inaugural teve lugar Hospital de Clínicas Dr. Radamés Nardini.

A ampliação do número de vagas em residências médicas é uma das medidas propostas pelo programa do governo federal Mais Médicos, que além da contratação de profissionais para atuar na atenção básica, incentiva a formação e a especialização de médicos dentro da lógica do Sistema Único de Saúde (SUS). Os estudantes recebem bolsa do Ministério da Saúde durante os dois anos de duração do curso.

VÍNCULO REGIONAL

A segunda turma de médicos residentes de São Bernardo é formada por 33 novos estudantes, que utilizarão a rede municipal como cenário de prática e formação em seis especialidades, uma a mais em relação à primeira turma. A novidade deste ano é a residência em Anestesiologia, com seis vagas preenchidas. As demais são Medicina da Família e Comunidade (6), Clínica Médica (6), Psiquiatria (5), Ginecologia e Obstetrícia (5) e Pediatria (5).

O número de adesões ao programa também aumentou: em 2014, 19 médicos recém-formados ingressaram nas residências ofertadas pelo município. “Agora nossa rede serve de escola para 52 estudantes. É um grande desafio, porque assumimos o compromisso de cuidar das pessoas ao mesmo tempo em que somos cenário de prática e aperfeiçoamento. Não só os residentes, mas todos aprendem muito nesse processo”, afirma a secretária de Saúde de São Bernardo, Odete Gialdi.

A gestora também avalia que o programa de residência é mais um recurso para incentivar que o médico permaneça vinculado aos hospitais e unidades de saúde da cidade. “Temos o maior interesse de que esses profissionais concluam sua formação e continuem trabalhando conosco, tornando-se médicos da nossa rede. Isso seria um ganho para todos”, ressalta.

O diferencial do programa de residência ofertado pela Secretaria de Saúde de São Bernardo é a formação em rede, por meio do qual o médico recém-formado passa pelos mais diversos serviços, independentemente da especialidade escolhida. “O estudante não se limitará à atuação no hospital, mas terá a vivência da UBS, da UPA, dos CAPSs. Ele vai onde o paciente está. Isso é fundamental para que aprenda a lidar com os problemas reais da população, propicia conhecimento mais amplo. O médico terá ainda relação com as equipes multiprofissionais, o que também enriquece o aprendizado”, afirma o coordenador da Comissão de Residência Médica (Coreme) de São Bernardo, Tarcísio de Oliveira Barros Braz.

A possibilidade de diversificar as experiências durante a residência médica foi um dos pontos que atraiu a estudante paulistana Daniella Ramos Moreira. Depois de passar pela prova teórica, ela optou por uma vaga na Pediatria em São Bernardo. “É um olhar diferente para a prática médica, que não é centrado no hospitalar, mas no cuidado geral. Minha expectativa é a melhor possível. Sou formada também em Psicologia, então acredito que será enriquecedor poder conhecer vários serviços”, acredita.

Durante a primeira semana, os 33 novos residentes participaram de programação especial que incluiu visitas aos equipamentos de saúde e atividades específicas de cada especialidade médica. Na abertura dos trabalhos, assistiram à palestra da secretária de Saúde, que explicou como funciona o SUS na cidade.

MUDANÇA DE PARADIGMAS

Em Mauá, a aula inaugural para a segunda turma de médicos residentes foi ministrada pelo psiquiatra Gustavo Alarcão, sobre “Ética na prática médica”. São 16 alunos, que se juntam a outros 10 da primeira turma. A residência ocorre nas áreas de Cirurgia Geral (6 vagas), Pediatria (3), Psiquiatria (4) e Clínica Médica (3). A quinta modalidade, Medicina da Família e Comunidade (2), não teve candidatos interessados.

A secretária de Saúde, Célia Cristina Pereira Bortoletto, deu boas-vindas aos novos residentes, que ficarão no mínimo por dois anos atuando nos serviços do Hospital Nardini e também em outros setores da rede municipal de saúde, como nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPSs), Estratégia Saúde da Família e unidades básicas de saúde, entre outros. “Eu, que sou pré-Sistema Único de Saúde, tenho satisfação de ver jovens como vocês participando desse processo de mudança de paradigmas, no qual a residência médica atua na rede de serviços. Mauá é uma cidade que precisa muito e o SUS é a maior política pública do país. Aqui será possível vocês conhecerem que o SUS é para todos e que dá certo”, garantiu a secretária, que disse “torcer” para que os alunos se entrosem e estejam felizes no SUS, seja no hospital, nas UPAs ou UBSs, com reflexos positivos também para os pacientes.

O superintendente do Hospital Nardini e coordenador interino da Residência Médica, Morris Pimenta, considerou que comumente há a dissociação entre a prática e o sistema formativo dos profissionais médicos. “O SUS traz devolutivas para os profissionais. É um sorriso, o reconhecimento de um direito, da humanidade e do direito à vida”, afirmou. “Os residentes têm imprimido ao Hospital Nardini uma qualidade e uma humanidade no atendimento”, explicou o gestor, que garantiu que a equipe de professores vai dedicar aos residentes atenção especial, que não teriam nos processos normais, permitindo inserções avançadas em diversas atividades.

Glauco Cesar Faria, 24 anos, iniciou na residência em Clínica Médica. Natural de Goiânia e formado em Medicina no Tocantins, chegou com muita vontade de aprender. “Venho de longe, sei que será difícil absorver tanto conhecimento, mas espero concluir a residência com ampla visão do ensino e como um novo profissional. Essa é a expectativa. Estou bastante ansioso para começar”.

A aula inaugural com o psiquiatra Gustavo Alarcão explorou os desdobramentos de uma frase utilizada na abertura: “sem percepção da angústia e dos conflitos pessoais, e sem reflexão, não há espaço para a ética”. A partir de então, o palestrante discorreu sobre a capacidade de escolher as atitudes que devem ser tomadas no trato com os pacientes. “O que a ética tem de mais especial: dar lugar ao outro”, expôs Alarcão. Para ele, é preciso que o médico busque outras formas de satisfação que não apenas a eficiência, pragmatismo, resolutividade e o retorno financeiro, para que possa estar sensível às necessidades das outras pessoas.