São Caetano faz mutirão de bariátrica e vira referência internacional no tratamento da obesidade

Publicado em: 14/09/2018

Em 2018, cidade realizou cinco cirurgias e três estão agendadas; especialistas de outros países já solicitaram treinamentos

 

A paciente Jadhy Ruana, o prefeito José Auricchio Júnior e o gastrocirurgião e professor da FMABC, Dr. Eduardo Grecco

São Caetano do Sul, mais uma vez, é destaque em decorrência do pioneirismo das ações de políticas públicas contra a obesidade. Dessa vez, no Centro de Endoscopia Dr. Odair Manzini, localizado no Hospital Márcia Braido, a Prefeitura promoveu, de forma inédita no País, mutirão com 14 procedimentos em pacientes do Programa de Endoscopia e Cirurgia Bariátrica da Secretaria de Saúde. A ação ocorreu dias 31 de agosto e 1º de setembro.

“São procedimentos moderníssimos que trazem melhora na qualidade de vida do paciente obeso. São Caetano se torna, novamente, referência internacional no tratamento da obesidade mórbida”, destacou o prefeito José Auricchio Júnior.

No primeiro dia a Prefeitura realizou uma gastroplastia endoscópica (técnica de redução de estômago por meio de endoscopia); quatro intervenções de sutura gástrica; um tratamento endoscópico da mucosa duodenal; um tratamento de plasma de argônio, e dois tratamentos em pessoas que já passaram por cirurgias anteriormente, mas que voltaram a ganhar peso. No segundo dia, cinco pacientes foram submetidos à colocação de balão intragástrico.

De acordo com a secretária de Saúde, Regina Maura Zetone, os pacientes passaram por acompanhamento com a equipe multidisciplinar que envolve nutricionista, psicólogo, cardiologista, endocrinologista, pneumologista, psiquiatra e gastroenterologista. “Vanguarda, a cidade traz novos procedimentos para tratar uma patologia crônica incurável, mas possível de ser controlada. Somos o único município que realiza com verbas próprias a cirurgia bariátrica e, agora, também dispomos desse avanço que é a intervenção por meio da endoscopia”, avaliou Regina.

Jadhy Ruana, 23 anos, moradora do bairro Cerâmica, passou pela gastroplastia endoscópica. Estudante de Direito, revelou que já sofreu discriminação por conta do peso em lojas e até em entrevistas de emprego. “Nos últimos cinco anos, engordei muito rapidamente por causa da alimentação errada, da ansiedade e do ovário policístico que desenvolvi. Cheguei a tomar remédio para emagrecer, mas entrei em depressão”, revelou. “Sempre dancei e fiz caminhadas, porém, por falta de tempo, fui abandonando esses hábitos. Já passei por constrangimento ao tentar comprar roupas de uma determinada marca e as vendedoras riram de mim, falando que não havia a minha numeração. Até mesmo estágio é difícil de conseguir, porque rotulam o obeso de preguiçoso”, completou. “Há duas semanas, quando recebi a notícia de que passaria pelo procedimento, chorei de emoção. É um renascimento com novas oportunidades.” Com a gastroplastia endoscópica, Jadhy deve perder de 20 a 25% do peso atual, que é 105kg.

Em 2018, já foram realizadas cinco cirurgias bariátricas no município. Outras três estão agendadas e 20 pessoas estão em preparo.

REFERÊNCIA INTERNACIONAL

O gastrocirurgião endoscopista e coordenador do serviço de Endoscopia de São Caetano do Sul, Eduardo Grecco, também professor da Faculdade de Medicina do ABC, explicou que os procedimentos também foram acompanhados por profissionais de países como Argentina, Canadá e Índia, além de estudantes brasileiros. “São Caetano se tornou elegível para sediar uma série de pesquisas em virtude da infraestrutura que a cidade dispõe. Recebemos a solicitação de especialistas de diversas partes do mundo que querem passar por essa capacitação conosco, uma vez que viramos referência em estudo”, contou.