Ministério da Saúde preconiza 60 dias entre diagnóstico e cirurgia contra o
câncer de mama; São Caetano tem média de 30 dias e reduzirá para 20 com
a transferência dos serviços para o Hospital Dr. Euryclides de Jesus Zerbini
Ambulatório de Alta Resolutividade contra o Câncer de Mama funciona no CAISM
O diagnóstico precoce está entre as principais armas no combate ao câncer de mama. Quanto mais cedo identificada a doença e iniciado o tratamento, maiores as chances de cura. Pensando sob essa ótica, São Caetano do Sul, no ABC Paulista, deu início neste ano ao projeto inédito de uma unidade modelo na cidade, pela qual o tempo entre o diagnóstico da doença e a cirurgia para retirada do tumor será de no máximo 20 dias – no Brasil, o Ministério da Saúde preconiza máximo de 60 dias.
Parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SESAUD) e a disciplina de Mastologia da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), o Ambulatório de Alta Resolutividade contra o Câncer de Mama começou a organizar rotinas e processos em meados de março, instalado provisoriamente no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) de São Caetano. Espaço próprio está fase de reformas no Hospital Dr. Euryclides de Jesus Zerbini, e a mudança de endereço está prevista para meados do próximo ano.
Segundo o professor de Mastologia da FMABC, Dr. Paulo Roberto Pirozzi, o Ministério da Saúde preconiza que o tempo entre o diagnóstico da doença e a cirurgia seja de no máximo 60 dias. Em São Caetano, com a implantação do Ambulatório de Alta Resolutividade no CAISM, a média atual é de 30 dias – metade da recomendação nacional. Entretanto, município e faculdade decidiram ir além. Com a transferência dos serviços para o Hospital Dr. Euryclides Zerbini, a meta será de 20 dias – intervalo encontrado somente em poucos países altamente desenvolvidos.
Maria Tereza Lozano Borges, 64 anos, realiza acompanhamento anual no CAISM após retirar tumor em 2014. “A rapidez ajudou muito”, conta
“O Ambulatório de Alta Resolutividade contra o Câncer de Mama é uma realidade em São Caetano e tem beneficiado centenas de mulheres. A principal questão é a humana. Quando uma mulher recebe o diagnóstico de câncer de mama, a primeira coisa que ela quer é se ver livre daquele tumor. Infelizmente, poucos serviços públicos no mundo estão aptos a realizar a cirurgia em até 60 dias após a confirmação diagnóstica. A resolutividade em 20 dias é algo raríssimo e um grande desafio”, afirma Pirozzi.
SERVIÇO DE PONTA
“Fazemos o exame de mamografia aqui mesmo no CAISM. Em cerca de uma semana já temos o resultado e convocamos as pacientes com alterações para passar com o mastologista. Quando é necessária biópsia, recebemos o resultado em até 10 dias. A partir de então, já podemos fazer o encaminhamento para os exames pré-operatórios e, se a paciente estiver apta, a cirurgia é agendada”, detalha a coordenadora do CAISM-SCS, Maria Teresa Perone Baptista, que acrescenta: “Existe um fluxo na cidade, que envolve a central de agendamento, para agilizar as consultas e exames dessas pacientes, a fim de que a cirurgia ocorra rapidamente”.
Moradora do Bairro Nova Gerty, Maria Tereza Lozano Borges, 64 anos, realiza acompanhamento anual no CAISM após curar-se de um câncer de mama. “No final de 2014, senti um caroço na mama. Meu ginecologista pediu a mamografia e então tive o diagnóstico. Quem tem essa doença fica fragilizado, abala muito. Acredito que levou cerca de 30 dias de quando dei entrada nos papeis até realizar a cirurgia. A rapidez no processo ajudou muito, pois a gente não fica sofrendo de ansiedade, sem saber se vai viver ou morrer. Só tenho a agradecer a Deus e à equipe do CAISM, que cuida da gente com toda a paciência do mundo e nos conforta”, recordou a paciente, com lágrimas nos olhos.
Recém-operada, Regina Nogueira Bolota, 54 anos, passou por consultas pelo convênio, mas preferiu se tratar na unidade. “Fui abraçada e acolhida”
Operada este ano, em 22 de setembro, Regina Nogueira Bolota também elogiou o trabalho do CAISM – especialmente a agilidade entre o diagnóstico e o tratamento. Aos 54 anos, a moradora do Bairro Fundação relata: “Foi tudo certinho desde o começo. No meu caso, o médico disse que eu faria 6 meses de quimioterapia primeiro e, em seguida, a cirurgia. Não tive intercorrência nenhuma e correu tudo conforme planejado. A equipe foi impecável, antecipando possíveis problemas e já atuando preventivamente. Terminei a quimioterapia, aguardei alguns dias para minha imunidade ir aumentando e já iniciei os exames pré-operatórios”, afirma Regina Bolota, que completa: “Nesse tipo de doença, o tempo é primordial. A pessoa fica muito angustiada e quer tratar logo. A escolha pelo CAISM foi uma opção minha, pois também passei em consulta particular e no médico do convênio. Fiz essa varredura e vi que no CAISM estava muito bem respaldada. Aqui fui abraçada e acolhida. Aqui não fui tratada como um número, mas sim como Regina”.
BUSCA ATIVA
A prevenção do câncer de mama no município é outra preocupação constante e tem salvado muitas vidas. Graças ao trabalho dos agentes comunitários de saúde, as munícipes são acompanhadas de perto. Recebem visitas domiciliares periodicamente e ligações telefônicas para lembrar de consultas e exames agendados, assim como para confirmar se os procedimentos foram efetivamente realizados.
Para atender à grande demanda, a Faculdade de Medicina do ABC conta com professores e médicos atuando em parceria com a Secretaria de Saúde de São Caetano. Graças à parceria, a escola também mantém na cidade cinco médicos residentes em Mastologia, sendo um custeado integralmente pela SESAUD.
