Setembro Amarelo: Depressão pós-parto atinge 25% das mães brasileiras

Publicado em: 26/09/2025

Dulcinéia Rosendo, nutricionista do AME Itu, alerta sobre a importância de pedir ajuda

Para muitas mulheres, a gestação pode ser o período mais especial e aguardado da vida. Porém, para uma parcela significativa das mães, essa fase pode vir acompanhada de turbulências emocionais.

Estudo realizado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) revela que 25% das mães brasileiras, no período de seis a 18 meses após o nascimento do filho, desenvolvem quadro de depressão pós-parto.

Embora muitas pessoas acreditem que a depressão acontece somente após o nascimento do bebê, estudos comprovam que, em diversos casos, os sintomas já estão presentes durante a gestação, condição conhecida como depressão perinatal. Outro ponto importante é compreender que o parto envolve grande esforço fisiológico e psíquico. Por isso, é comum que a mulher experimente emoções variadas, como cansaço e tristeza – quadro chamado de “baby blues”, que não é patológico e costuma durar até duas semanas. Mas, quando os sintomas persistem, é fundamental procurar ajuda especializada.

Para Dulcinéia Rosendo, nutricionista do Ambulatório Médico de Especialidades (AME) de Itu, gerenciado pela Fundação do ABC em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, a depressão pós-parto foi um dos momentos mais difíceis de sua vida.

“Tudo começou em 2021, quando minha filha nasceu. Ela ficou 10 dias na UTI e, quando teve alta e fomos para casa, eu fui diagnosticada. Perdi o rumo nesse processo, minha alimentação ficou totalmente descontrolada”, relembra.

A depressão pós-parto é caracterizada por tristeza profunda, desesperança e perda de interesse em atividades cotidianas. Além dos impactos emocionais, pode trazer reflexos físicos, como ganho ou perda de peso em pouco tempo. Dulcinéia relata que ganhou 10 quilos devido à má alimentação.

“Tinha dias em que eu almoçava apenas amendoim. O fato de estar ali o tempo todo com o bebê realmente mexia com a química do meu cérebro”, conta.

O processo exigiu tratamento multidisciplinar, mediante acompanhamento com psiquiatra e psicólogo. Foi orientada a manter uma rotina com dieta e horários definidos para as refeições, além de incluir a prática de exercícios físicos – que mantém até hoje, em uma rotina saudável. Eliminou os quilos excedentes e teve ampla melhora na qualidade do sono.

“Hoje, quatro anos após o diagnóstico, não tenho mais depressão, mas continuo me cuidando e mantendo a rotina”, afirma.

No contexto do Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio e de conscientização sobre saúde mental, Dulcinéia reforça a importância de buscar apoio. “É muito importante procurar ajuda. Procure um psiquiatra, um psicólogo. Dê o primeiro passo”, aconselha.