Setembro Verde: nova comissão interna de doação de órgãos começa a atuar no CHMSA

Publicado em: 27/09/2019

Objetivo é intensificar o processo de notificação dos casos suspeitos de morte encefálica a partir da conscientização e capacitação da equipe multiprofissional

 

O coordenador da equipe de Neurologia Clínica do hospital e presidente da nova comissão, Dr. Gary Antezana Camacho

Para marcar o Dia Nacional de Doação de Órgãos e Tecidos, celebrado em 27 de setembro, e o Mês Nacional da Doação de Órgãos, que originou a campanha Setembro Verde, o Centro Hospitalar Municipal de Santo André Dr. Newton da Costa Brandão (CHMSA) apresentou no dia 17 de setembro sua nova Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplante (CIHDOTT). A comissão conta com 26 integrantes e agora é presidida pelo Dr. Gary Antezana Camacho, coordenador da equipe de Neurologia Clínica do hospital.

Durante a apresentação à diretoria e aos encarregados de áreas do CHMSA, o médico salientou que o objetivo é reestruturar a CIHDOTT para que aumente o número de notificações de morte encefálica. “Estamos qualificando enfermeiros, médicos e toda a equipe envolvida, inclusive com a participação em feiras e congressos sobre o tema. É um trabalho de conscientização e multiprofissional”, disse Dr. Gary.

Referência regional na área de Traumatologia, o Centro Hospitalar Municipal é fundamental no processo de busca de potenciais doadores justamente por notificar os casos suspeitos – mas a notificação não necessariamente significa efetivação. “A morte encefálica é uma situação de notificação compulsória. Algumas doenças inviabilizam a doação, mas temos que cumprir com nosso papel”, afirma Dra. Maria Odila Gomes Douglas, diretora-geral do CHMSA.

Em 2018, no Estado de São Paulo, foram 2.957 notificações e 1.089 doações efetivas (36,8% do total), segundo as centrais estaduais de transplantes. A média de efetivações no CHMSA também gira em torno dos 30% atualmente (média de 3 para cada 10 notificações).

A partir da notificação, equipe do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia vem a Santo André para iniciar os testes de investigação e o contato com as famílias. “Confirmado o diagnóstico de morte encefálica, será verificada a possibilidade da doação. Nem todos os casos são oriundos de traumas. O Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico ou hemorrágico e outras doenças também podem evoluir para morte encefálica”, explica Dr. Gary.

ALTA

Entre janeiro e junho de 2018, foram 1.765 doadores efetivos no Brasil, o que representa um crescimento de 7% em relação ao mesmo período de 2017. Este aumento impactou em crescimento nos transplantes de fígado, pulmão e coração, além de medula óssea. A projeção era fechar o ano com 3.530 doadores efetivos e 26.400 transplantes realizados, uma vez que um único doador pode salvar inúmeras vidas.

Atualmente, 41.266 pacientes aguardam por um transplante no país, número menor que em 2017, quando havia 44 mil pacientes na espera. Isso pode ser fruto de uma maior consciência da sociedade sobre a importância da doação de órgãos e tecidos para transplante, que resulta em aumento dos consentimentos familiares (a Lei 9.434 estabelece que doação de órgãos pós morte só pode ser feita quando for constatada a morte encefálica e com a autorização de parentes).

O Brasil possui o maior programa público de transplante de órgãos, tecidos e células do mundo. Cerca de 96% dos transplantes são financiados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O país é hoje o segundo maior transplantador mundial, atrás apenas dos Estados Unidos.

MORTE ENCEFÁLICA

A morte encefálica é a perda completa e irreversível das funções cerebrais, definida pela cessação das funções corticais e de tronco cerebral. Até seis horas após a parada cardiorrespiratória, pode ser realizada a doação de tecidos (córnea, pele e ossos, por exemplo). No caso dos órgãos sólidos (coração, fígado, pâncreas, rim e pulmão), o coração ainda precisa estar batendo.

Ainda é possível doar órgãos em vida, desde que o ato não prejudique a saúde da pessoa. Pela lei, parentes até o quarto grau e cônjuges podem ser doadores. Não parentes, só com autorização judicial.

“Me sinto grata por ter doado um dos meus rins. Não sinto diferença nenhuma em viver com um rim só, mas faz toda a diferença ter feito isso. Me emociona muito”, disse Rosa Maria Cussolini Betarelli, gerente administrativa do CHMSA. Além de um dos rins, o doador vivo pode doar parte do fígado, parte da medula óssea ou parte do pulmão.