Suicídio entre estudantes de Medicina será pauta de ‘Plano Nacional’

Publicado em: 18/09/2018

Reunião entre representantes da FMABC, CFM e ABEM

A sede do Conselho Federal de Medicina (CFM), em Brasília, foi palco em 28 de agosto do início da parceria para o Plano Nacional de Promoção de Saúde e de Prevenção ao Suicídio entre Estudantes de Medicina. O marco ocorreu durante reunião entre o presidente do CFM, Dr. Carlos Vital, o presidente da Associação Brasileira de Educação Médica (ABEM), Dr. Sigisfredo Brenelli, e o coordenador do Fórum Nacional de Serviços de Apoio ao Estudante de Medicina (FORSA) e professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), Dr. Sergio Baldassin.

Inteiramente elaborado no Serviço de Orientação Psicológica ao Aluno (SEPA) da FMABC, o projeto busca estabelecer nesta área uma rede nacional de cuidadores e pesquisadores. O início ocorreu em 2015, no Congresso Brasileiro de Educação Médica (COBEM), da ABEM. Na ocasião houve o primeiro Fórum dos Serviços de Apoio ao Estudante de Medicina, que contou com pouca adesão. No entanto, os trabalhos avançaram e hoje são mais de 300 participantes ativos no FORSA, com inserção de 100 escolas médicas de 20 estados brasileiros.

SEPA 20 ANOS

Responsável pela produção de conhecimento na área da saúde dos estudantes, o Serviço de Orientação Psicológica ao Aluno da Faculdade de Medicina do ABC completa 20 anos neste 2018 com a marca de mais de 8.000 atendimentos realizados aos alunos – mais da metade em procura espontânea (52%) e feedback de 97,4% para “totalmente satisfeitos”. Por meio da disciplina de Psiquiatria, a FMABC iniciou os trabalhos nessa área em 1998, quando instituiu o SEPA. À época, a assistência aos estudantes estava sob responsabilidade de somente um professor da Psiquiatria, o Dr. Sergio Baldassin. Dez anos mais tarde, em 2008, a iniciativa ganhou reforço do GAIA – Grupo de Atenção Integral ao Acadêmico, que incorporou dois psicólogos e mais um psiquiatra à assistência.

Após duas décadas de apoio ao aluno, percebe-se hoje uma onda de casos graves, com aumento significativo da necessidade de farmacoterapia. “Tivemos no ano passado 104 casos novos, sendo 25% considerados graves, com classificação de ‘ultra high risk’. É um índice bastante preocupante, que reforça a necessidade de intensificarmos a atenção aos discentes”, afirma o professor de Psiquiatria da FMABC, fundador e coordenador técnico da Psiquiatria do SEPA, Dr. Sergio Baldassin, que explica o funcionamento do serviço: “Utilizamos o modelo conhecido como T4. São quatro atendimentos e, em seguida, o psicólogo ou psiquiatra avalia a necessidade ou não de mais quatro sessões. Em média, com três atendimentos na Psiquiatria conseguimos equilibrar o aluno, que dá continuidade ao tratamento com psicólogo. Em 44% dos casos temos que utilizar medicações”.

Segundo Baldassin, a ideia não é ter um serviço ambulatorial para acompanhamento permanente do aluno, mas sim oferecer acolhimento imediato, que privilegie a qualidade de vida, preserve a resiliência e, ao mesmo tempo, previna o agravamento de quadros de saúde mental a partir de tratamentos e direcionamentos específicos.

Conforme levantamento do SEPA, nos últimos 4 anos houve aumento progressivo dos transtornos depressivos. Por essa razão, foi criada em 2017 uma Comissão de Qualidade de Vida na FMABC, proposta pelo professor titular de Psiquiatria, Dr. Arthur Guerra, cujo objetivo é avaliar todas as ações relacionadas ao atendimento aos estudantes no campus. A ideia central é propor estratégias não apenas para aperfeiçoar os serviços existentes, mas que também reforcem o hábito de alunos, professores e instituição de colaboração contínua na cultura de ensinar, promover e garantir a busca da resiliência, como um objetivo educacional na formação dos futuros médicos.