Publicado em: 08/05/2015
O Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André, acaba de ser definido pela Secretaria de Estado da Saúde como centro referenciado para realização de cirurgias de troca de sexo. Conhecido tecnicamente como redesignação sexual, o procedimento é destinado à população transgênero atendida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A primeira intervenção na unidade ocorreu em 6 de maio. Os trabalhos são coordenados pela disciplina de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC, em conjunto com o Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP.
“A expectativa nesses primeiros meses é de realizarmos até duas cirurgias de redesignação sexual por mês. Trata-se de mais um serviço que a faculdade passa a oferecer à sociedade e que completa o trabalho que já desenvolvemos no campo da cirurgia genital. Até então, nosso foco eram procedimentos reconstrutivos, em casos de traumas ou de crianças com malformações, por exemplo”, explica o professor de Urologia da FMABC, Dr. Roberto Vaz Juliano, que acrescenta: “No âmbito do ensino, a nova parceria com o Governo do Estado trará ganhos substanciais aos médicos residentes, que terão em seu treinamento profissional mais essa especialização cirúrgica”.
Todos os pacientes são preparados e encaminhados pelo Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS-SP, na zona sul da Capital. Conforme preconiza o Conselho Federal de Medicina, quem deseja realizar esse tipo de procedimento necessita de acompanhamento multiprofissional por pelo menos dois anos antes da cirurgia.
Além de responder pelo cuidado integral antes cirurgia, a equipe de psicólogos, psiquiatras, endocrinologistas, urologistas e ginecologistas do CRT DST/AIDS-SP também está responsável pelo acompanhamento e tratamento pós-cirúrgico, em trabalho integrado com profissionais da FMABC e do Hospital Estadual Mário Covas.
A primeira cirurgia no ABC foi em um paciente de 32 anos, para transformação do órgão masculino em feminino. “É um procedimento de alta complexidade, cuja duração média é de 3h30 minutos. Fizemos a chamada genitoplastia, também conhecida como plástica genital, promovendo a resignação de sexo no paciente”, detalha Dr. Roberto Vaz Juliano.
Além de ampliar a oferta de cirurgias de troca de sexo no Estado e atender a um direito dos cidadãos, o Hospital Mário Covas também será campo para capacitação de profissionais do SUS nesse tipo de intervenção.